sábado, 2 de maio de 2009

As energias renováveis

As análises e os cálculos mostram que as políticas de conservação e utilização racional de energia, por terem efeitos permanentes e sustentáveis, têm maior potencial para a poupança de combustíveis fósseis do que as energias renováveis, devido à volatilidade e intermitência destas.
Devido a estas características - volatilidade e intermitência - é fundamental ter as soluções que permitam armazenar a energia produzida pelas renováveis em horas em que não haja consumo para essa produção. Tal é evidente em Portugal, em que o parque eólico exige a construção de centrais hidroeléctricas de bombagem que utilizam a energia produzida em horas de vazio para bombear a água para as albufeiras e depois descarregá-la, produzindo electricidade nas horas de maior consumo.
Infelizmente, o nosso programa hidroeléctrico, agora relançado pelo actual Governo, estava suspenso desde o demagógico e irresponsável episódio de Foz Côa. Aqui, até porque a água vai ser um bem muito escasso no século XXI, vão ser as populações a exigir a construção da barragem.
Como diria alguém, Foz Côa vai-se fazer, só não sei quando...
Mas ao contrário do que os MRPP da energia pretendem fazer crer, apesar dos enormes investimentos que já foram efectuados na eólica e nas 'novas' renováveis e do quadro legal extremamente incentivador em vigor, as energias renováveis não vão chegar para resolver o nosso problema energético, porque ao vultuoso investimento que se está a fazer em potência instalada não corresponde uma quantidade de energia significativa pois que Energia = Potência X Tempo de Utilização e o tempo de utilização é pequeno devido à sua volatilidade e intermitência.
Os números mostram-nos de forma elucidativa: a percentagem de renováveis na geração de electricidade baixou em Portugal de 40,1% em 1997 para cerca de 27% em 2008; a eólica, a geotérmica e a fotovoltaica só corresponderam em 2007 a 1,4% do total das fontes de energia primária consumida em Portugal; as mesmas fontes (eólica, geotérmica e solar fotovoltaica) só conseguirão em 2010 satisfazer 5,7% das nossas necessidades energéticas!
O actual mix energético português não é pois sustentável, implicando fortes sobrecustos que estão a onerar enormemente a nossa economia.

Luís Mira Amaral*
*Professor de Economia e Gestão - IST

in Expresso

Sem comentários:

Enviar um comentário