quarta-feira, 20 de maio de 2009

CP poupa 130 milhões de euros em emissões de CO2

Imagine-se que nas estradas e auto-estradas entre Lisboa e Porto circulavam mais 350 mil camiões durante um ano, ou seja, quase mais mil por dia. E imagine-se a quantidade de dióxido de carbono emitida para a atmosfera, o custo da ocupação da via pública e os riscos de congestionamento e de acidentes provocados por um tão elevado número de veículos pesados.

A CP fez as contas e concluiu que os 32 mil comboios de mercadorias que fez circular na Linha do Norte em 2008 correspondem a menos 351 mil camiões nas vias rodoviárias paralelas àquele eixo, evitando a emissão de 9,2 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera (tendo como padrão um camião Volvo a gasóleo, com 100 mil quilómetros e um período de vida útil de 300 mil quilómetros).

Em contrapartida, a totalidade da frota a diesel da CP emitiu no ano passado 43 mil toneladas de CO2, correspondendo a um consumo de 15 milhões de litros de gasóleo, valores que equivalem a 650 mil euros no mercado de carbono europeu.

Deste modo, a CP Carga gerou, em 2008, uma poupança ambiental de 137 milhões de euros, valor que na realidade deverá ser um pouco inferior porque não inclui as emissões de CO2 da produção de energia eléctrica que alimenta as catenárias.

A empresa diz que "as preocupações com a preservação do meio ambiente são cada vez mais um factor decisivo na escolha dos consumidores e das empresas, o que torna o modo ferroviário numa vantagem competitiva que não se pode nem se deve ignorar". Apesar disso, a quota da ferrovia no transporte de mercadorias em Portugal é de apenas quatro por cento, o que permite aferir dos ganhos ambientais que ainda se poderiam obter se mais toneladas fossem transportadas sobre carris.

O enquadramento institucional, porém, não é favorável, queixa-se Pires da Fonseca, administrador da empresa ferroviária privada Takargo, que já ultrapassou a CP no transporte ibérico. "A taxa de uso [portagem ferroviária] é quatro vezes mais cara em Portugal do que em Espanha. E, em contrapartida, as portagens cobradas aos camiões nas auto-estradas não pagam os custos na infra-estrutura que eles provocam e que acabam por ser suportados por todos nós", lamenta o responsável.




In "Público", 18 de Maio de 2009

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