domingo, 24 de maio de 2009

É hoje inaugurado o centro nacional do lince-ibérico

Hoje, em que o mundo comemora a biodiversidade, o ministro do Ambiente inaugura as instalações do centro nacional de reprodução do lince-ibérico, uma das espécies mais ameaçadas do planeta.

Na cerimónia, estarão presentes os Presidentes da empresa Águas do Algarve, Marques Ferreira, e do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade Tito Rosa, que assinarão protocolos de transferência das instalações construídas pela empresa de águas para o ICNB.

“O Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI) é uma medida de sobrecompensação pelos impactos da construção da Barragem de Odelouca. Este centro integrará a rede de centros de reprodução de lince da Península Ibérica, e terá capacidade para instalar 16 animais”, lembra o Ministério do Ambiente.

O Governo espera que o centro seja habitado no final do Verão, com a chegada dos primeiros animais vindos dos centros de criação em Espanha. 

Associação Almargem diz que centro não chega

A associação Almargem aproveita a ocasião para sublinhar que o centro de reprodução não chega. E acusa: “A situação lamentável a que se chegou com a extinção do lince-ibérico em Portugal, fica a dever-se à incompetência dos responsáveis governamentais que, durante anos, preferiram propalar números fantasiosos acerca da população existente nomeadamente na Serra Algarvia, e nada fizeram para evitar a degradação dos habitats e o desaparecimento dos derradeiros exemplares reprodutores.”

E diz que o investimento agora feito é fruto apenas de uma imposição da União Europeia por causa da barragem de Odelouca, feita onde se supõe ser dos últimos locais no país onde o lince ocorre.

Dando como exemplo a experiência espanhola de reprodução em cativeiro, a Almargem salienta que serão necessários cinco anos para que o centro nacional estivesse em condições de libertar os primeiros animais. “Importa, no entanto, recordar que, na Andaluzia, existem já 3 centros de cria, os quais têm sido regularmente reforçados com linces acidentados, provenientes das duas populações selvagens ainda existentes (Doñana e Andújar), situação que, obviamente, não vai acontecer em Portugal”, diz a associação.

Mas o fundamental é recuperar o habitat do lince, sem o qual qualquer intervenção de repovoamento será inútil. Mas a associação lembra que as áreas mais propícias estão em coutadas de caça. “Torna-se assim imperioso iniciar desde já um programa de formação e sensibilização dos caçadores, demonstrando ao mesmo tempo que é possível conciliar a futura presença de um grande predador com a existência de uma actividade regular de caça ao coelho”. 

As populações de coelho-bravo devem também ser alvo de um programa específico de recuperação, sublinham os ambientalistas.

in Público

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