sexta-feira, 22 de maio de 2009

Degelo menor, mas consequências igualmente dramáticas...




Apoiando-se nas novas medidas geométricas da calota glaciar da Antártida, os investigadores britânicos e holandeses consideraram que, se esta derretesse, a elevação do nível dos oceanos seria de 3,2 metros e não de cinco a sete metros, como defenderam trabalhos anteriores.


O estudo, publicado na revista Science, alerta, no entanto, que mesmo um aumento de um metro no nível dos oceanos pode afectar o campo de gravidade terrestre no Hemisfério Sul e alterar a rotação do planeta.


Essa mudança de rotação provocaria, por sua vez, uma acumulação da água dos oceanos no Hemisfério Norte, podendo causar uma elevação maior do nível do mar nas costas Leste e Oeste dos Estados Unidos.


O principal autor da investigação, Jonathan Bamber, da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, exemplificou que «mesmo que a calota glaciar do Oeste da Antárctica contribua apenas em um metro para o aumento do nível dos oceanos, nas costas norte-americanas a elevação seria 25 por cento superior à média».


A Antártida tem cerca de nove vezes a quantidade de gelo da Gronelândia e é considerada como uma bomba ao retardador no que diz respeito ao degelo e à subida dos oceanos.
Foi também publicado um estudo sobre o tema da autoria de três investigadores franceses.
Na investigação, publicada no boletim científico Jornal de Pesquisa Geofísica, lê-se que a deformação e o movimento dos bancos de gelo ártico está a acelerar, causando uma diminuição da superfície gelada mais rápida do que o previsto.


Analisando as trajectórias de mais de 600 bóias colocadas na superfície gelada há 30 anos, os investigadores têm «medido um aumento médio da derivação dos gelos de 10 por cento por década», segundo um comunicado do Centro Nacional de Investigação Científica, de França.
Até agora, a redução acelerada dos bancos de gelo tem sido atribuída a um anel de retroacção termodinâmico, ou seja, quanto menor é a massa de gelo, mais o oceano aquece, ajudando a derreter a placa gelada e fazendo-a encolher ainda mais, num processo semelhante ao que sucede quando um cubo de gelo é colocado num copo de água.


Mas, para Jérôme Weiss, do Laboratório de Glaciologia e Geofísica do Ambiente, perto de Grenoble, esta tem sido a única explicação tida em conta e ela não é suficiente para justificar um degelo tão rápido, sendo de salientar que a evolução da velocidade de deformação é surpreendente, atingindo 150 por cento em 30 anos.

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