sexta-feira, 22 de maio de 2009

Poluição de solos contamina autarquias


Há mais de dez anos que quatro autarquias da Grande Lisboa (Oeiras, Sintra, Cascais e Mafra) arrastam uma situação deficiente no tratamento do lixo.

Foi Domingos Saraiva, o presidente do conselho de administração da Tratolixo (empresa intermunicipal que gere os resíduos sólidos urbanos) que encomendou um relatório a uma empresa especializada naquele tipo de situações para que a estudasse. Isto depois de ter encontrado "uma unidade de tratamento de resíduos "esgotada" e "absolutamente deficitária"", " que levou à acumulação de mais de 150 mil toneladas de resíduos nos solos circundantes, cuja perigosidade "está a ser avaliada", afirmou Domingos Saraiva.

Ao longo dos últimos anos, o conhecido aterro de Trajouce esgotou o espaço de armazenamento de "lixos". No entanto, estes resíduos tóxicos continuaram a acumular-se no mesmo local. Esta situação tem gerado várias queixas por parte da população de São Domingos de Rana, uma vez que os maus cheiros são uma constante. O aterro sanitário foi construido em 1997 e atingiu o limite em 2003!

Neste momento é necessária uma intervenção rápida, pois os solos estão contaminados e há receio de que o lençol de água freático (as águas subterrâneas) também o esteja.

Para segunda-feira já está marcada uma reunião com o secretário da Estado do Ambiente, Humberto Rosa, e responsáveis da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), para avaliar a situação e decidir como intervir.

Não será esta acumulação de lixo altamente tóxico um crime ambiental à luz da nova legislação comunitária?

Escandalosa é ainda a atitude de "deixa andar" esta gravíssima situação ao longo de todos estes anos.

O presidente do conselho de administração da Tratolixo afirma também ao Jornal Expresso que quando chegou à empresa, constatou que "como a estação de tratamento não dava resposta ao crescente caudal de resíduos, o aterro de Trajouce, que devia apenas dar apoio à estação, foi usado durante anos como destino final dos lixos, em terrenos de consolidação muito fraca e sem um plano director". E, admite que "a monitorização do aterro não foi feita com o devido cuidado" e que "os lixos foram manuseados de forma incorrecta".

A resolução deste problema vai obrigar as câmaras a gastarem vários milhões de euros.

Os presidentes das quatros câmaras quando contactados pelo jornal Expresso, passaram -permitam-me a expressão - "a batata quente" de uns para os outros.

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