sábado, 16 de maio de 2009

Verde que te quero Verde!

"Presidente do 1º Grupo Político Verde do Parlamento Europeu e da INTERBIO salienta que sustentabilidade não é uma escolha política, é a prioridade

A era ecologista, à escala planetária, surgiu sensivelmente no início dos anos setenta do passado século,através dos grandes debates e reflexões mundiais sobre ambiente, das "operações de intervenção" das Organizações Não Governamentais e, ainda, pela acção de muitos cidadãos mobilizados pelas mais diversas causas. Nesse período, assistimos ao aparecimento de novos movimentos sociais, cujos objectivos iam desde a luta contra a degradação ambiental, passando pelas manifestações contra o nuclear, a protecção dos consumidores, o pacifismo, o feminismo... Terá sido esse dinâmico pulsar social, que deu origem ao "nascimento" da ecologia polílica e à criação dos primeiros partidos Verdes e Alternativos.
Os Partidos Verdes ou ecologistas são, genericamente, uma consequência natural da evolução de algumas assciações, ou de grupos de cidadãos organizados, sobretudo, em prol da defesa do ambiente. O movimento associativo matricialmente ambientalista terá sido na maioria dos casos, o "motor de arranque" para a criação desse novo tipo de formações políticas. Ainda que haja uma pluralidade de origens, ou condicionantes históricas, esses "movimentos" difundiram-se nos mais variados sectores da sociedade e fizeram eclodir a emergência de uma nova organização partidária. Assistimos, assim, nos últimos trinta anos, à entrada de representantes "verdes" nas mais diversas instâncias de poder, desde os parlamentos nacionais, ao parlamento europeu ou às autarquias locais e, mais recentemente, à sua participação nos executivos governamentais.
A situação portuguesa em nada se assemelha ao percurso dos cerca de vinte partidos que assinaram, em 1993, o acto de constituição de Federação Europeia dos Partidos Verdes. O PEV,que integrei na década de oitenta, bem cedo, se veio a demonstrar incapaz de congregar a militância ambientalista e alternativa, nem libertar-se das suas raízes constitutivas ("verdes por fora, vermelhos por dentro", como eram apelidados).
O debate da época "apoiava-se" nos grandes mestres da ecologia portuguesa, ou na acção obstinada e pertinente de muitos jovens militantes... Foi um tempo de conflitualidade iminente entre o projecto liderado pelos Verdes, e algumas das mais destacadas personalidades ambientais portuguesas. Em qualquer dos casos foi colocada na cena política uma "agenda pública" ambiental que marcou, indelevelmente, as gerações mais jovens angariando, na altura, uma protagonismo político assinalável. Hoje, os Verdes continuam "acantonados" numa parceria eleitoral, que dura à mais de vinte anos. Mantêm representatividade parlamentar, é certo, mas nunca se refizeram de um "estigma fundador": o de saber qual é, efectivamente, a sua mais-valia electiva.
Muita coisa mudou desde que a problemática ambiental "ganhou" o espaçõ mediático. Os decisores políticos tiveram que fazer face de uma forma crescente, quantas vezes errática e mitigada, à evidente multiplicação das disfunções ambbientais, catástrofes ou ameaças globais. Os diversos Partidos "enverdeceram" as suas orientações programáticas e as Organizações Internacionais, da ONU à União Europeia, adoptaram um valioso acervo jurídico em termos de ambiente, súde pública e defesa do consumidor...
No entanto, as consequências do modelo de desenvolvimento que tem prevalecido continuaram bem à vista: fragilização dos equilíbrios naturais , perda acentuada da diversidade biológica ... Já para não falarmos do aumento "incontrolável" de resíduos ou do desastre climático. Evidentemente, que o "mercado", e bem, fez do ambiente uma excelente oportunidade de negócios, criando uma "economia verde" de matriz sustentável e geradora de emprego. De todo o modo, quando hoje nos defrontamos com uma crise financeira e económica, de contornos transnacionais incomensuráveis, temos que ter a coragem de não abandonar o "combate" ambiental.
O desenvolvimento sustentável tem que emergir na sua plenitude social, ética e cultural. A sustentabilidade não é uma escolha política. è a prioridade"

MARIA SANTOS
in Expresso
Sábado, 16 de Maio de 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário