quinta-feira, 21 de maio de 2009

Greenpeace acusa : Supermercados sem política sustentável de compra de peixe


Os supermercados portugueses continuam a não praticar uma política sustentável de compra de peixe, segundo uma análise da Greenpeace hoje divulgada que avalia aspectos como a venda de espécies ameaçadas.
A análise refere que o Lidl e a Sonae progrediram no 'ranking' de avaliação de supermercados, feito pela segunda vez este ano pela Greenpeace, enquanto a Jerónimo Martins desceu para último lugar.
O Lidl, do grupo alemão Schwarz, surge na primeira posição da lista, mas com uma classificação muito aquém da considerada ideal pela Greepeace, sendo seguido pelo grupo Sonae (Modelo e Continente), pel'Os Mosqueteiros (Intermarché e Écomarché), grupo Auchan (Jumbo e Pão de Açúcar) e Jerónimo Martins (Pingo Doce e Feira Nova).
Para assinalar o último lugar do 'ranking' ocupado por esta cadeia um grupo de activistas da Greenpeace visitou hoje a loja do Pingo Doce da Avenida da Boavista, no Porto, onde foi simbolicamente entregue o prémio "Espinha de Ouro" e distribuído aos clientes um panfleto de sensibilização para defesa dos recursos dos oceanos.
Para a elaboração do 'ranking', a associação ambientalista avaliou as políticas e os produtos de peixe à venda nestes supermercados, nomeadamente se possuem uma política de peixe sustentável escrita e se vendem espécies ameaçadas que constem da sua "lista vermelha".
"O Lidl e a Sonae evoluíram consideravelmente e estão hoje em franca vantagem em relação às outras cadeias", referiu a responsável pela campanha em declarações à agência Lusa.
Segundo Beatriz Carvalho, desde o ano passado - em que foi lançado o primeiro 'ranking' - os dois grupos "entraram em diálogo com a Greenpeace e já desenvolveram políticas escritas de compra de peixe", sendo que a Sonae subiu do último para o segundo lugar.
Ainda assim, quer o Lidl, quer a Sonae, "ainda não atingiram os níveis de sustentabilidade exigidos pela Greenpeace".
Já Os Mosqueteiros, a Auchan e a Jerónimo Martins "estão muito longe de mostrar uma abordagem responsável em relação aos produtos de peixe", não tendo nenhum dos grupos respondido às tentativas de contacto da Greenpeace.
Segundo a organização, a esta "falta de transparência" junta-se a "grande quantidade" de espécies da "lista vermelha" da Greenpeace que ali se encontra à venda e a "ausência de um sistema de etiquetagem eficaz".
Contactada pela Lusa, fonte oficial da Jerónimo Martins afirmou que as acusações da Greenpeace "não correspondem minimamente à verdade" e garantiu que "recebe sempre todas as organizações que fazem prova de quem são".
Para a Greenpeace, peixe sustentável é aquele cuja captura não destrói o meio ambiente e o ecossistema marinhos e garante a subsistência das populações costeiras que vivem da pesca.
Sendo 70 por cento do peixe comercializado em Portugal vendido nas grandes superfícies, a associação entende que "cabe a estes grupos defender os direitos dos consumidores" e "influenciar o modo como a indústria de pesca opera".
A Greenpeace defende que os supermercados devem retirar das prateleiras espécies cuja captura (no caso do peixe selvagem) ou cultivo (no caso do peixe de viveiro) tenha um impacto negativo no ecossistema marinho e avaliar se as espécies que vendem são provenientes de stocks que estão gravemente ameaçados.
Entre estas contam-se algumas das mais vendidas em Portugal, como o bacalhau do Atlântico, o atum, o linguado, o peixe espada branco, salmão, tamboril e várias espécies de pescada e camarões.
Para a associação, Portugal, enquanto um dos maiores consumidores mundiais de peixe 'per capita', pode desempenhar um importante papel na defesa da sustentabilidade da pesca e dos oceanos.

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