quinta-feira, 7 de maio de 2009

China está pronta para se juntar à luta internacional contra as alterações climáticas


As grandes potências internacionais renitentes em combater as alterações do clima estão a mudar de campo. Depois dos Estados Unidos, com a chegada de Barack Obama, agora parece ser a vez da China. Pequim diz estar pronto a assumir compromissos e quer um acordo global em Copenhaga, em Dezembro, revelou Ed Miliband, secretário de Estado britânico para as alterações climáticas, que esteve esta semana na China.
“Fiquei com a nítida sensação de que os chineses estão prontos para um acordo”, disse Miliband ao “Daily Telegraph”. “Vim de várias reuniões muito optimista. Penso que os chineses querem um acordo em Copenhaga, em Dezembro”.Os encontros que teve com responsáveis governamentais em Pequim convenceram Miliband de que a China fala agora a sério sobre ajudar a manter o aumento das temperaturas do planeta na marca crítica dos 2ºC. Sobretudo porque, disse Miliband ao jornal “The Guardian”, a China “já está a ver os impactos das alterações climáticas no seu país e sabe que o mundo está a adoptar novas tecnologias, mais limpas, com todas as oportunidades que daí advêm”.Miliband visitou a região chinesa de Minqin, uma área remota do Norte ameaçada pela desertificação e pela seca. “Estamos muito preocupados com as alterações climáticas”, disse Xu Wenshan, autarca de Wuwei, na cerimónia de recepção. “Viver nesta área de grande fragilidade ecológica faz-nos sentir o impacto directo de um aumento da temperatura”, acrescentou, citado pelo “The Guardian”.Segundo escrevem os dois jornais britânicos, Miliband acredita que na base da mudança chinesa está a administração norte-americana de Obama, ao ter dado um novo ímpeto aos esforços para forjar um sucessor do Protocolo de Quioto. “A China quer o máximo de compromissos da parte dos países desenvolvidos. Penso que o Presidente Obama mostrou que os Estados Unidos aceitaram o desafio e vão dar o mais que conseguirem”, comentou ao “Daily Telegraph”. Washington disse estar disposto a reduzir as suas emissões em 2020 a níveis de 1990.No mês passado, Su Wei, um negociador climático chinês, comentou ao “The Guardian” que os Estados Unidos tinham sofrido uma “mudança profunda” com a administração Obama. “A mensagem que recebemos é a de que a actual administração americana leva as alterações climáticas a sério, que reconhece a sua responsabilidade histórica e que tem a capacidade para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o desafio climático”, disse Su.Nos últimos meses, a China tem vindo a anunciar um pacote de iniciativas ambientais a fim de colocar a sua economia num caminho sustentável: triplicar as metas para a energia eólica, melhorar a eficiência da rede eléctrica e encerrar centrais a carvão antigas. Em Abril, o Governo chinês referiu, pela primeira vez, estar a considerar definir metas de redução nacionais para as emissões de dióxido de carbono.“Aceitamos a nossa [dos países desenvolvidos] responsabilidade histórica. É verdade que a China tem sido responsável por apenas seis por cento das emissões entre 1850 e 2000. Mas também é verdade que sem a ajuda da China não existe qualquer possibilidade de evitar os impactos das alterações climáticas. Penso que os chineses compreendem isso muito bem”, comentou Miliband.A China já se tornou no maior emissor mundial de gases com efeito de estufa e, juntamente com os Estados Unidos, é responsável por mais de 40 por cento das emissões anuais de dióxido de carbono do planeta.Esta mudança de tom da China aumenta significativamente a possibilidade de o mundo chegar a um acordo em Dezembro. Os analistas esperam agora que a administração Obama consiga aprovar a tempo a legislação que estabelece o quadro para a redução das emissões.
in Público

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