sábado, 18 de abril de 2009

Sistema de lasers imita estrelas para produzir energia

No ITER, o futuro reactor de fusão do consórcio internacional (que Portugal integra via União Europeia), ou no Nacional Ignition Facitlity, dos Estados Unidos, a ideia é imitar na Terra a forma como as estrelas produzem a sua energia. O projecto norte-americano, com um sistema gigante de raios laser, deverá iniciar as suas experiências no próximo ano.


Imitar as estrelas na sua forma de produzir energia, através da fusão nuclear (que não gera resíduos radioactivos perigosos, nem emite gases com efeito de estufa) é um dos objectivos do National Ignition Facility (NIF), um organismo norte-americano que tem em fase de conclusão a construção do maior sistema de laser do mundo, justamente com esse propósito.

O projecto deverá estar operacional durante o próximo ano, o que significa que o NIF ficará pronto para arrancar com as experiências.

A ideia é utilizar o sistema de lasers para produzir energia de fusão nuclear, que implicará a fusão de átomos de deutério e de trítio, que são dois isótopos do hidrogénio.

Este processo difere do que é utilizado nas actuais centrais nucleares, que utilizam a fissão, ou seja, a cisão de átomos pesados, como os do urânio. É essa cisão que gera energia para a produção de electricidade nas centrais nucleares.

Já na fusão, o processo que ocorre no interior das estrelas, o que acontece é que os núcleos de hidrogénio se fundem por força das altas temperaturas e pressões impostas pela tecnologia (como mostra o gráfico).

No projecto norte-americano do NIF, a ideia é utilizar o maior sistema de lasers jamais concebido para desencadear o processo de fusão.

O sistema utilizará um conjunto de 192 lasers instalados num edifício gigantesco com a altura de dez andares e a extensão de três campos de futebol juntos. Quando estiver completamente operacional, este sistema de lasers emitirá 60 vezes mais energia do que qualquer sistema de laser anterior.

A concentração dos raios de quase duas centenas de lasers no alvo criará condições idênticas às que existem no coração das estrelas, desencadeando a reacção de fusão. E esta deverá libertar mais energia do que a energia laser necessária para iniciar o processo.

A utilização deste poderoso sistema para desencadear a reacção de fusão nuclear difere do sistema que será utilizado no ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) o futuro reactor experimental de fusão nuclear, promovido por um consórcio internacional em que os Estados Unidos também estão envolvidos, bem como Portugal (por via da União Europeia), e cuja construção já se iniciou em Cadarache, França. No caso do ITER, trata-se de fusão por confinamento magnético, em que o reactor de fusão, graças a um fluxo de combustível de deutério e de trítio forma um plasma de alta temperatura, que é comprimido para dar início ao processo de fusão.

In, edição on-line Diário de Noticias de 18.4.2009

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