A área de cultivo de produtos biológicos em Portugal cresceu 9,4 por cento em 2008 e os portugueses consumem cada vez mais produtos sem químicos, valorizando, apesar da crise económica, a qualidade dos alimentos.
Os dados são do Serviço Internacional para a Aquisição de Biotecnologia Agrícola e, já em 2007, Portugal estava entre os dez maiores produtores mundiais de alguns alimentos biológicos devido ao aumento de terra orgânica cultivável.
Consumidores questionados nos mercados biológicos de Oeiras e do Príncipe Real, em Lisboa, admitem que os produtos cultivados sem recurso a pesticidas são "mais caros" do que os alimentos produzidos "convencionalmente" e que, mesmo em tempo de crise, a diferença de preços é compensada pela qualidade acrescida dos alimentos.
Regina Frank, artista alemã a viver em Portugal há três anos, refere que em Portugal a opção pelos produtos biológicos pode significar uma despesa de mais 20 por cento, mas garante que "mesmo assim compensa, porque os produtos têm um sabor melhor, há mais qualidade de vida e um consumo mais consciente". Ana Paula Moreira, produtora e vendedora de pão biológico no mercado do Príncipe Real, considera que "as pessoas, quando consomem um produto de qualidade, não se importam de cortar na quantidade".
Cada vez mais baratos
Consumidor destes produtos há mais de cinco anos, João Feliz considera que "há a tendência para que os produtos biológicos sejam cada vez mais baratos", remetendo para os governos a responsabilidade de apoiar a agricultura biológica "pelas várias vantagens que tem". Para João Feliz, a crise pode estimular a produção de alimentos biológicos, uma vez que a estrutura económica terá de ser "reformulada", sendo "a agricultura biológica, com certeza, um dos componentes de uma sociedade sustentada".
O agricultor da região do Oeste João Oliveira, por seu lado, ainda não notou que a crise tenha chegado aos seus clientes, admitindo que a maioria dos consumidores tem um poder de compra elevado. "Há dois tipos de clientes: o que se abastece para toda a semana, porque sente que lhe faz bem e porque tem poder económico para o fazer; e aquele que, não tendo essa possibilidade, faz uma selecção e escolhe apenas certo tipo de produtos", explicou.
Entre 2001 e 2007, o cultivo dos chamados produtos biológicos vegetais em Portugal aumentou cerca de 70 por cento, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Gabinete de Planeamento e Política do Ministério da Agricultura, uma tendência que a Europa acompanhou.
In "Público", 27.04.2009
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