sexta-feira, 17 de abril de 2009

Petição online contra refinaria na Extremadura espanhola lançada hoje

264487_guadiana.jpgUma petição online contra a construção da refinaria Balboa, projectada para a Extremadura espanhola, foi hoje lançada por associações ambientalistas de Portugal e Espanha para sensibilizar governantes e opinião pública para os impactos negativos da infra-estrutura.
"Queremos alertar para os impactos ambientais, sociais e económicos negativos que poderão decorrer desta construção e incentivar as pessoas a contestar o projecto", afirmou hoje à agência Lusa Nuno Sequeira, da Associação Nacional de Conservação da Natureza - Quercus.
A petição, que poderá ser subscrita no "site" www.peticao.com.pt, é endereçada aos presidentes do Parlamento Europeu, da Assembleia da República Portuguesa e do Parlamento Espanhol, visando recolher assinaturas para sensibilizar aquelas instituições para que "impeçam a concretização da refinaria".
"Temos esperança de que os governos português e espanhol não deixem este projecto avançar e vão contra as expectativas de quem quer investir apenas a curto prazo, com prejuízos e a médio e a longo prazos para o Alentejo e a Extremadura", argumentou.
A petição é promovida pela Quercus, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens (FAPAS), Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e Liga para a Protecção da Natureza (LPN), assim como pela Asociación para la Defensa de la Naturaleza y los Recursos de Extremadura (ADENEX) e Plataforma Ciudadana Refineria No.
Jesús Valiente, da ADENEX, assegurou à Lusa que esta iniciativa é "muito importante", pois, o período de consulta pública do projecto em Espanha foi "totalmente deficiente" e a consulta da documentação "muito limitada". "Muitas pessoas não puderam participar e, através da petição, podem agora manifestar a sua oposição", disse.
O ambientalista espanhol mostrou-se convicto de que é possível travar a refinaria, cujo projecto ainda não tem parecer final do Ministério do Ambiente português, nem do espanhol. "O Ministério do Ambiente do governo espanhol está ainda a examinar as milhares de alegações apresentadas durante a fase de Impacte Ambiental e já pediu explicações adicionais à empresa promotora. Depois, terá também que as analisar e, por isso, o tempo joga a nosso favor", frisou.
Muitas questões
No documento consultado pela Lusa, é salientado que a concretizar-se o projecto da refinaria, surgido em 2004, implicará um "desenvolvimento retrógrado e contaminante" que vai afectar "profundamente todo o sudoeste da Península Ibérica".
A petição levanta várias questões, como o "porquê de uma refinaria no interior" de Espanha, a "200 quilómetros do mar", ou "porque se pretende apostar num recurso não renovável", e são apresentadas algumas das objecções das seis organizações contra a refinaria.
O projecto "diminuirá a qualidade do ar devido à emissão de gases com efeito de estufa, causadores das alterações climáticas" e "afectará a qualidade da água" do rio Guadiana, alega o documento. Para além de que um eventual derrame de hidrocarbonetos que "poderá originar graves consequências no fornecimento de água à população". Os impactos na agricultura, nomeadamente nos produtos biológicos, na paisagem e ecossistemas circundantes e no património histórico e cultural são outros dos argumentos dos ambientalistas.
Previsto "nascer" na província de Badajoz, na Extremadura, a cerca de 100 quilómetros da fronteira com Portugal e a metade da distância da albufeira de Alqueva, o projecto é promovido pela Refineria Balboa, S.A., do grupo Alfonso Gallardo.

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