quarta-feira, 15 de abril de 2009

Plataforma do Choupal vai impugnar DIA do novo traçado do IC2


Se mora numa cidade e é adepto do desporto ao ar livre, imagine que decidiam construir mesmo por cima do espaço que elege para fazer exercício uma via rápida com um tráfego previsto de 100 mil veículos por dia, a uma altura de três metros. Para os utentes da Mata Nacional do Choupal, em Coimbra, esse cenário poderá estar perto de ser real. Por isso, um grupo de cidadãos constituiu o movimento cívico “Plataforma do Choupal”, para impedir a construção do novo troço do Itinerário Complementar nº2 sobre a mata.

O objectivo da Plataforma é impugnar a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) que autorizou o projecto, mesmo depois de a Comissão de Avaliação de Impacte Ambiental ter dado parecer negativo à obra. «A DIA foi uma decisão política, que não dá conta dos pontos levantados ao longo da avaliação de impacte ambiental», argumenta Mário Reis, porta-voz do movimento.

A “Plataforma do Choupal” pretende levar o assunto a discussão em plenário na Assembleia da República, tendo já recebido apoio por parte de alguns grupos parlamentares. Para o conseguir, entregou já no Parlamento uma petição em defesa do Choupal, que reuniu mais de dez mil assinaturas.

Os representantes do movimento foram recebidos, em Março, pelo secretário de Estado das Obras Públicas, numa reunião onde estiveram também presentes elementos da Estradas de Portugal (EP), entidade responsável pelo projecto. «O secretário de Estado deu orientações verbais à EP para analisar as propostas alternativas e notámos abertura e disponibilidade para que isso aconteça», refere o biólogo ao AmbienteOnline.

Estrada ameaça zona pedonal

O projecto da EP prevê a construção de um viaduto com 40 metros de largura, que atravessa 150 metros do “pulmão” de Coimbra, paralelamente ao rio Mondego, a uma altura de 3 metros, onde irão circular cerca de 100 mil veículos por dia. «A área escolhida para a construção do viaduto é a zona preferencial dos utentes da Mata em termos pedonais, e funciona como tampão à poluição sonora e atmosférica causada pelo tráfego do actual troço do IC2, que já passa ali ao lado», lembra Mário Reis.

Como alternativa, o movimento sugere que o tráfego do IC2 passe a ser comum ao do IC3 (que liga Tomar a Coimbra), desviando o trânsito regional do trânsito urbano. Mário Reis sublinha ainda que «não é obrigatório que o troço entre na cidade de Coimbra».

O biólogo observa ainda que, na DIA, uma das questões invocadas para justificar a intervenção na mata é a degradação que a área sofre actualmente. O Choupal é tutelado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e pelo Instituto da Água, pelo que, na opinião de Mário Reis, estes são os organismos responsáveis por essa degradação.
In "Ambiente Online" 15.04.2009

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