quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ambiente exige concertação global

Nicholas Stern alertou para o risco das alterações climáticas, que colocam em causa a habitabilidade do planeta no final do século XXI. Inverter este cenário obriga a medidas urgentes, como a reserva de 1% do PIB de cada país para este fim.

Nicholas Stern, 62 anos, é peremptório. "As alterações climáticas são o assunto mais preocupante desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou o ex-economista chefe e ex-vice presidente do Banco Mundial, na conferência Lisbon Innovation and Renewable, promovida pelas revistas VISÃO e EXAME. Este facto está a colocar em risco a própria habitabilidade da Terra já no final do seculo XXI, sendo previstas migrações de populações para o norte da Europa e conflitos globais, entre outras consequências.

O Mediterrâneo será uma das áreas mais afectadas, com destaque para Portugal, Espanha e Itália. "Portugal terá provavelmente um clima semelhante ao de Marrocos hoje", explica o especialista, que elaborou um relatório a pedido do ministro do Tesouro inglês, Gordon Brown, divulgado em 2006, que dá conta de dados reveladores e preocupantes sobre o aquecimento global. A resposta terá que ser urgente, garante, adiantando que só será possível minimizar estes efeitos através de uma acção global concertada. "Bastaria cada país disponibilizar 1% do seu PIB (Produto Interno Bruto) para esta questão", acredita Stern, acrescentando que 'os custos da inacção são muito superiores'.

A meta aceitável seria diminuir em 50% a emissão de gases, o que obrigaria a uma redução de cerca de 80% nos países mais ricos, que são os principais responsáveis pelas alterações climáticas. Contudo, isso não significa que os países menos desenvolvidos não sofram também os nefastos efeitos. A este respeito o economista defende que "os outros países (ricos) deverão financiar os efeitos negativos das alterações climáticas nos países pobres".

Para alcançar a baliza de 2050, Stern defende medidas que privilegiem uma boa relação custo-eficiência, alertando ainda para a questão da desflorestação, responsável por 15 a 20% das emissões. "Caso não se criem condições para novas florestas será muito pouco viável o cumprimento de outras metas", destaca o especialista.

A tecnologia desempenha também um papel fulcral para se prosseguir com estes objectivos. "É essencial um grande crescimento ao nível da pesquisa e inovação", diz, referindo-se à investigação relativa à eficiência energética. Por outro lado, a competição é também uma componente importante do processo. "Significa clareza, regras e preços'. É importante partilhar tecnologia e fornecer informação e produtos ecologicamente correctos entre países, para 'mehorarmos uns com os outros".

"Portugal é um país pequeno, ainda assim deve dar o exemplo", diz Nicholas Stern, aproveitando para elogiar o investimento português nesta área.


Expresso - Quarta-feira, 17 de Set de 2008

EMAC requalificou 650 mil metros quadrados num ano

Um ano depois de ter começado a assumir a responsabilidade pelo serviço de Gestão e Requalificação de Espaços Públicos Verdes Urbanos (EPVU), a EMAC - Empresa de Ambiente de Cascais já plantou 350 árvores e cerca de 15 mil exemplares de espécies herbáceas e arbustivas, numa área superior a 650 mil metros quadrados, distribuída por todas as freguesias do concelho.


As intervenções de jardinagem têm sido realizadas por uma equipa de 72 pessoas, repartidas por 12 equipas contratadas a empresas prestadoras de serviços, tuteladas, fiscalizadas e acompanhadas por técnicos dos espaços verdes da EMAC. Estas acções têm igualmente contribuído para a integração social de jovens, designadamente através da CERCICA (Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais), que também tem fornecido plantas herbáceas, arbustivas à EMAC.


No âmbito desta intervenção, a EMAC requalificou jardins, rotundas, separadores centrais, parques infantis e de jogos e sistemas de rega, estando em curso grandes intervenções urbanas de requalificação de espaços exteriores nos Bairros dos Checlos e de São João da Rebelva, ambos em Carcavelos, num investimento global de cerca de 1,5 milhões de euros.


A par da consciencialização da população para a melhoria da qualidade de vida decorrente da renovação dos espaços verdes e de recreio, tem sido promovido o uso eficiente da água na rega, através do desenvolvimento de um programa de poupança do consumo. Nesse sentido, a EMAC tem promovido a requalificação dos sistemas de rega, nomeadamente através da gestão à distância e da experimentação de sistemas de controlo por telegestão.


De forma a sensibilizar a população face à necessidade de manutenção e limpeza desses espaços, a EMAC lança, hoje, uma campanha junto dos munícipes, professores, alunos do 2º e 3º ciclos, empresas e mesmo turistas que contará, entre outras iniciativas, com a distribuição de cinco mil vasos com sementes de petúnia aos cidadãos. No quadro desta campanha, foi também elaborado um guia técnico e didáctico, com informação detalhada sobre as 30 espécies vegetais mais comuns em Cascais, que será distribuído em várias escolas do concelho.

Grupo de cidadãos portugueses vai escalar cinco glaciares para mostrar alterações climáticas

A imagem da neve do Kilimanjaro a desaparecer chocou José Maria Abecasis Soares, um empresário português na área do software. Este foi o ponto de partida do projecto ICE CARE, através do qual um grupo de cidadãos portugueses se propõe escalar, de 2009 a 2012, cinco glaciares para mostrar que o aquecimento global já está em marcha. O primeiro destino é a Suíça. A partida está marcada para 18 de Junho.

A ideia surgiu numa conversa com um amigo habituado a fazer escalada de montanhas. “Pensámos ir ao Kilimanjaro e estávamos a combinar datas quando ele me disse que era melhor irmos o mais cedo possível porque mais tarde já não haveria neve”, contou José Maria Abecasis Soares, ao PÚBLICO.

“Fiquei surpreendido com aquilo”, reconheceu. Até porque era uma pessoa que “não tinha um único comportamento ecológico” mais ambicioso do que o fechar a torneira ao lavar os dentes.

Abecasis Soares começou a investigar e aprendeu que o Kilimanjaro deverá deixar de ter glaciares em 2015 ou 2020. “Tomei consciência de que o aquecimento global já está a acontecer (...). O recuo dos glaciares não é uma projecção para 2050, está a acontecer”.

Começou a tomar forma a ideia de ir até lá e “trazer testemunhos”. “De um glaciar, passámos a pensar em cinco”. E depois pensaram que “seria interessante falar com as populações locais que já estão a sofrer as consequências”.

A primeira expedição arranca a 18 de Junho e terminará no final desse mês. Abecasis Soares, José Diogo Tavares, Nuno Frazão e um médico cujo nome ainda não é conhecido vão partir da sede da Unesco em Paris. Daqui seguirão para a Suíça, em bicicleta, em direcção ao maior glaciar da Europa, o Jungsrau. Este glaciar está a recuar 800 metros por ano, disse Abecasis Soares. “Vamos descer o glaciar, a pé. Quando chegarmos ao seu limite inferior, vamos registar esse ponto num GPS que colocaremos online. O objectivo é que todos os anos no mesmo mês seja feito esse registo. Assim poderemos seguir, em directo, o recuo do glaciar”, explicou.

A segunda expedição será ao Kilimanjaro, em Dezembro deste ano. “Partiremos de Nairobi, parte da expedição ficará com as populações locais no sopé da montanha e a outra vai escalar”.

O projecto ICE CARE, que conta com o patrocínio do Meo e inúmeras parcerias para sustentar os custos, quer ainda compreender melhor as mudanças no dia-a-dia das populações. “O degelo no Kilimanjaro está já a afectar as populações locais, nomeadamente as suas reservas de água doce, que dependem 25 por cento dos glaciares”.

Em 2010 está marcada uma expedição a um glaciar no Peru, em 2011 à Gronelândia e em 2012 ao Nepal.

A apresentação pública do projecto ICE CARE acontecerá esta segunda-feira, em Lisboa.

in Público

Conselho de Ministros aprova proposta para reduzir valores das coimas ambientais

"O Conselho de Ministros aprovou hoje uma proposta de lei para reduzir o valor das coimas aplicadas a quem viola a legislação ambiental, invocando a necessidade de "não comprometer a subsistência de pessoas singulares" e pequenas empresas.

A lei das contra-ordenações ambientais (Lei n.º 50/2006) prevê que as contra-ordenações possam ser penalizadas com coimas que variam entre um mínimo de 500 euros e um máximo de 2,5 milhões de euros, de acordo com a sua classificação (leves, graves ou muito graves), o facto de serem praticadas por uma pessoa individual ou colectiva, de serem cometidas com dolo ou por negligência, ou os efeitos das substâncias perigosas em causa sobre a saúde.

A proposta hoje aprovada, que será submetida à Assembleia da República, visa adaptar o regime das contra-ordenações ambientais "ao quadro sócio-económico do país, ajustando a punição à necessidade de não comprometer a subsistência de pessoas singulares e de pessoas colectivas de pequena e média dimensão", segundo o comunicado do Conselho de Ministros."

LUSA
Quinta-feira, 30 de Abr de 2009 -17:34

Queima das Fitas 2009 compensa emissões

A 110ª edição da Queima das Fitas de Coimbra irá compensar as emissões resultantes dos oito dias do evento, tornando-se na primeira eco-Queima das Fitas. No âmbito da iniciativa, serão plantadas 4200 árvores com o apoio da Vodafone e a colaboração da Câmara Municipal de Coimbra.
As 4200 árvores são suficientes para compensar as 1270 toneladas de dióxido de carbono que serão emitidas durante os oito dias que dura a Queima das Fitas. A pegada de carbono da iniciativa, calculada pela consultora Ecoprogresso, resulta da produção da electricidade consumida no recinto, dos transportes utilizados pelos estudantes e pelas bandas e do tratamento dos resíduos produzidos no evento.
O apoio da Vodafone, concedido no âmbito do programa de responsabilidade social da empresa de telecomunicações, no montante de 25 mil euros, será canalizado para um projecto de requalificação de uma área verde no perímetro urbano da cidade de Coimbra, no qual se inclui a plantação de árvores.
As primeiras 110 árvores, dedicadas a cada uma das 110 edições da Queima das Fitas de Coimbra, serão plantadas já no dia 5 de Maio, no Parque Verde do Mondego.

Luz solar para poupar no arrefecimento

O potencial que existe no País para produzir energia eléctrica, a partir da luz solar, é uma das vias para reduzir a enorme dependência energética de Portugal em relação ao exterior. Mas Portugal tem condições para utilizar este recurso para outras finalidades. Óscar Carvalho, estudante do Instituto Politécnico de Setúbal na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal (ESTSetúbal/IPS), é o responsável pelo projecto Frio Solar, através do qual se pretende melhorar a eficiência energética de edifícios existentes, mediante a utilização de tecnologias de arrefecimento com recurso à energia solar.

O projecto, que lhe valeu uma menção honrosa no Concurso "Ideias Luminosas 08", promovido pela EDP, consistiu num estudo de viabilidade sobre a comercialização da tecnologia de aborção a funcionar com painéis de energia solar térmica. O estudante explica que a tecnologia de absorção consiste num equipamento que através de uma reacção química que absorve calor e dois fluídos não poluentes - o absorsor (brometo de lítio ou amoníaco) e o refrigerante (água) - consegue converter água quente (neste caso vinda dos painéis solares) em água a 4º C para climatizar um edifício. Deste modo, «o único consumo eléctrico deste equipamento é feito pelas bombas circuladoras e corresponde a um valor de 5 a 10 por cento do consumo eléctrico de uma solução convencional (ciclo frigorífico ou compressão de vapor) com a mesma potência de arrefecimento», explica.

Expandir a tecnologia

Só nas cidades de Lisboa e Porto a área ocupada por edifícios de escritórios ultrapassa os 5 milhões de metros quadrados de escritórios.O crescente aumento da sua área ocupada, assim como das suas necessidades de arrefecimento para garantir o conforto dos seus ocupantes, nos últimos 10 anos tem tido um acréscimo de 12 por cento ao ano no consumo eléctrico de Portugal. Com efeito, a comercialização da tecnologia de absorção tem grande potencial, acredita Óscar Carvalho. Estes equipamentos são uma alternativa aos chillers de compressão de vapor, actualmente utilizados para climatizar edifícios.

O objectivo do estudante é que no primeiro ano sejam vendidos 15 equipamentos, no entanto, admite que o preço dos mesmos pode desencorajar possíveis interessados. «Estes equipamentos já atingiram a sua maturidade no estado da técnica, porém, têm custos elevados, cujos períodos de retorno rondam os 20 anos». O custo medio por kW é de 1788 euros.

Estudo: Efeitos nocivos das alterações climáticas são irreversíveis

Um estudo científico define como "irreversível" uma alteração que permaneceria 1000 anos, mesmo se os humanos deixassem imediatamente de lançar CO2 para a atmosfera.

Muitos efeitos nocivos das alterações climáticas são já basicamente irreversíveis. Mesmo que as emissões de dióxido de carbono sejam travadas, as temperaturas globais continuarão elevadas até pelo menos ao ano 3000.

A advertência é feita por uma equipa internacional de investigadores num estudo publicado na edição de hoje da revista norte-americana "PNAS" (Proceedings of the National Academy of Sciences).

"As pessoas imaginavam que se deixássemos de emitir dióxido de carbono (CO2), o clima voltaria à normalidade em 100 ou 200 anos. Isso não é verdade", afirma a principal autora do estudo, Susan Solomon, da Administração Nacional para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos.

A investigadora define como "irreversível" uma alteração que permaneceria 1000 anos mesmo se os humanos deixassem imediatamente de lançar carbono para a atmosfera.

O estudo é publicado depois de o Presidente Barack Obama anunciar medidas para melhorar a eficiência dos combustíveis e a qualidade do ar, com a justificação de que o futuro da Terra depende da diminuição da poluição do ar.

Nomeadamente, Obama ordenou o reexame imediato da rejeição pela Administração Bush da decisão da Califórnia de impor normas mais estritas que as federais para reduzir as emissões de CO2 dos automóveis.

Na perspectiva de Susan Solomon, "as alterações climáticas são lentas, mas imparáveis", um argumento mais a favor de uma acção rápida, para que a situação a longo prazo não piore.
A investigadora, pertencente ao Painel Internacional para as Alterações Climáticas da ONU, assinala no estudo que as temperaturas subiram em todo o planeta e que se observam alterações nos padrões de precipitação em áreas em torno do Mediterrâneo, da África Austral e do sudoeste da América do Norte.

O aquecimento climático está também na origem da expansão dos oceanos, que deverá aumentar com o degelo na Gronelândia e na Antártida, segundo os investigadores. "Não creio que tenha sido entendida a escala a muito longo prazo da persistência destes efeitos", sublinha Susan Solomon.

O aquecimento global tem sido até agora travado pelos oceanos, porque a água absorve muita energia, segundo os cientistas, mas esse efeito positivo desvanecer-se-á com o tempo, já que os oceanos acabarão por devolver ao ar o seu calor acumulado, mantendo o planeta mais quente.

O estudo conclui que deixar o CO2 atingir 450-600 partes por milhão (ppm) terá por consequências quebras persistentes de chuva nas estações secas comparáveis à seca do Dust Bowl na América do Norte, nos anos 1930, em zonas como o sul da Europa, o sudoeste da América do Norte, a África Austral e a parte ocidental da Austrália.

Esta diminuição de precipitação, que persistirá durante vários séculos, terá consequências diferentes segundo as zonas geográficas, desde a diminuição da água disponível a uma maior frequência de fogos, alterações de eco-sistemas e maior desertificação, conclui o estudo.

Os outros autores do trabalho são Gian-Kaspar Plattner e Reto Knutti, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, com sede em Zurique, e Pierre Friedlingstein, do Instituto Nacional de Investigação Científica, em Gif-sur-Yvette, França.

A investigação foi apoiada pelo Gabinete de Ciência do Departamento da Energia dos Estados Unidos.

Expresso - Terça-feira, 27 de Jan de 2009

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Portugal, pioneiro no futuro da Mobilidade Sustentável

Hoje estão reunidas as condições para se iniciar o desenvolvimento dos veículos eléctricos (VE) em escala.
O VE apresenta, já hoje, vantagens para o consumidor em termos de redução dos custos totais de propriedade face a um veículo com motor de combustão interna (VCI). Estas vantagens vão acentuar-se a curto prazo com os desenvolvimentos tecnológicos em curso e a produção em maior escala. De facto, o custo adicional da bateria é mais que compensado ao longo da vida útil do veículo por um custo de utilização cerca de quatro vezes menor que o do VCI.
Também em termos ambientais o veículo eléctrico se revela mais eficaz, dado que não produz directamente emissões de carbono e o motor não causa ruído. Mesmo considerando as emissões produzidas indirectamente por via da geração da electricidade, todo o processo é menos gerador de emissões no global, graças a um motor cerca de quatro vezes energeticamente mais eficiente e ao efeito de produção centralizada de energia.
Por outro lado, a inovação no domínio das baterias tem permitido reduzir o seu custo e aumentar a autonomia do VE, que se perspectiva passar de cerca de 160 km em 2010 para perto de 200 km em 2015 - suficiente para a utilização extra-urbana.
Reconhecendo estes desenvolvimentos, os fabricantes de automóveis estão a apostar em bloco no lançamento do VE já em 2010-11, incluindo os anteriormente mais cépticos ou defensores de outras soluções, como o híbrido.
O desenvolvimento tecnológico irá acelerar a adopção futura e até o aparecimento eventual de novos paradigmas de utilização do automóvel.
Quem pense que o VE se assemelha apenas a um mero 'carrinho de golfe', pode desenganar-se. Os VE são capazes de prestações notáveis, com acelerações de 0-100 km/h de cerca de 4 a 6 segundos para veículos 'normais' e velocidades de ponta de mais de 200 km/h em versões desportivas a lançar já em 2010/11.
Outro avanço que poderá contribuir para tornar o VE ainda mais atractivo é a introdução do sistema V2G (Vehicle-to-Grid), que tornará possível a cedência de energia armazenada na bateria à rede eléctrica.
O VE poderá ainda contribuir para a criação de um novo paradigma de utilização do transporte individual, uma vez que terá um enfoque primeiramente urbano com custos de utilização mais baixos, estimulando, por exemplo, esquemas de car-sharing, entre outros.
Para que o VE se torne realidade, é imperativa uma rede que permita o carregamento das baterias com uma cobertura geográfica relativamente suficiente. Neste domínio, além da solução de carregamento numa normal tomada de 220V (com uma duração de 6 a 8 h para uma carga completa - adequado para carregamento em casa durante a noite), existirão soluções de carga rápida. Esta tem a vantagem de permitir uma carga completa em 15-20 minutos, estando a ser estudadas soluções que permitem uma carga completa em 6 a 8 minutos, a ser lançadas de 2012 em diante.
Portugal tem-se colocado como pioneiro entre as principais iniciativas em curso - é agora necessário definir o modelo em que se pode operar.
A nível global, são ainda relativamente poucas as iniciativas relativas ao desenvolvimento de redes de carregamento urbanas. Berlim, Roma, Londres, Telavive, Copenhaga e alguns municípios do estado da Califórnia são escassos exemplos com redes-piloto em preparação.
Nestes municípios, tem-se assistido a parcerias tripartidas entre a autarquia, um comercializador eléctrico e um fabricante de automóveis.
Com a recente criação do Gabinete para a Mobilidade Eléctrica, Portugal tem-se colocado como pioneiro, liderando uma das primeiras iniciativas de âmbito nacional, ao ter-se comprometido a desenvolver uma rede de 320 postos de carregamento já para 2010, a complementar com mais postos, para perfazer 1300 a nível nacional em 2011.
É agora necessário que seja definido o modelo em que os operadores podem actuar, para que Portugal tenha um sistema de carregamento universal, competitivo e com preços aceitáveis para o consumidor.
À semelhança do que acontece noutros países, poderiam também estabelecer-se parcerias para projectos-piloto em grandes cidades como Lisboa e Porto, atraindo também fabricantes. Contribuir-se-ia desta forma para o desenvolvimento de uma mobilidade mais sustentável e para a adição de mais um elemento que coloca Portugal na rota da inovação.
Texto publicado na edição do Expresso de 10 de Abril de 2009

Dia da Terra: Reposição dos recursos vivos já é negativa

A procura de recursos animais e vegetais dos 6, 8 mil milhões de habitantes da Terra já excede em cerca de 30% a capacidade que o nosso planeta tem em repô-los ao mesmo nível, revelou Rajendra Pachauri quando esteve a semana passada em Lisboa.
O presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU e Nobel da Paz 2007 com Al Gore , que deu uma conferência no Convento do Beato no âmbito do Mês da Sustentabilidade - uma iniciativa do Expresso e do BES -, disse que seriam necessárias 1,3 Terras para repor o equilíbrio dos seu recursos vivos.
A situação é mais preocupante na América do Norte e nos países da UE, onde a pegada ecológica de cada habitante (área do território de que necessita em termos recursos) é largamente superior à bio-capacidade da sua região. Em contrapartida, na América Latina e Caraíbas a situação é precisamente inversa.
Pachauri chamou a atenção para as fortes pressões que existem sobre o uso da Terra em todo o Mundo por causa do crescimento da população, do desenvolvimento económico, da urbanização e da procura de biocombustíveis. 10 kg de cereal para produzir 1 kg de bife
E destacou o fenómeno do aumento do consumo de carne em países emergentes, dando particular destaque aos 1300 milhões de habitantes da China, onde o crescimento tem sido exponencial nos últimos anos. O presidente do IPCC recordou que "para produzir 1 kg de bife são necessários 10 kg de cereal", mas há alternativas proteicas de origem vegetal sustentáveis para a alimentação humana.
"É preciso mudar o estilo de vida, em particular os hábitos alimentares, porque o ciclo da carne é muito intensivo em energia e em emissões de CO2. E há também um problema de segurança alimentar mundial no futuro: se cada vez mais pessoas comerem mais carne, não haverá cereais suficientes para as necessidades humanas, porque a conversão de calorias dos cereais em calorias de carne é muito pouco eficiente".
Quanto ao estado da Biodiversidade, o economista e cientista do ambiente indiano salientou que o actual ritmo de extinção das espécies é cem vezes mais elevado que no passado, traçando um cenário negro para as próximas décadas: "As taxas de extinção poderão crescer mil a dez mil vezes e uma em cada quatro espécies de mamíferos estará ameaçada de extinção".
Com o aquecimento global, os recursos hídricos portugueses poderão escassear no futuro
Ivo Pires/LusaStresse hídrico já atinge 700 milhões de pessoas
O cenário não é mais animador para a escassez da água: em 2025 mais de três mil milhões de pessoas poderão viver em países com problemas de stresse hídrico. Actualmente, esse já é o problema com que se confrontam cerca de 700 milhões de pessoas em 43 países, a maioria dos quais países em desenvolvimento.
Quanto ao Aquecimento Global, Pachauri explicou que o Árctico, África, as pequenas ilhas e os grandes deltas dos rios asiáticos e africanos (Mekong, Ganges, Nilo) serão as regiões mais afectadas.
Os sistemas e sectores mais prejudicados serão, por sua vez, os recursos hídricos, a agricultura, os sistemas costeiros, a saúde humana e ecossistemas como a tundra, a floresta boreal, as regiões montanhosas, a floresta mediterrânica, as florestas tropicais, os recifes de coral e a vida nas águas geladas do Árctico e da Antártida.
Em Portugal, o Nobel da Paz destacou "a redução da disponibilidade de água, as secas mais frequentes e prolongadas, o aumento do risco de incêndios florestais e a extensão da época dos fogos, o impacto negativo das ondas de calor na saúde pública, a redução de 30% no rendimento das culturas hortícolas, perdas de 62% na biodiversidade das espécies das regiões montanhosas, e a redução do fluxo de turistas no Verão".

Águas do Algarve instala equipamento de monitorização da qualidade da água

A Águas do Algarve instalou recentemente, na estação de tratamento de água (ETA) de Alcantarilha, o ToxProtect64, que consiste num sistema de detecção de toxicidade e alerta online para detectar eventuais alterações da qualidade da água tratada, nomeadamente a presença de agentes potencialmente tóxicos para a saúde humana.
O sistema foi fornecido pela empresa alemã bbe – Moldaenke e a sua instalação decorre no âmbito de um grande projecto europeu de Investigação e Desenvolvimento - o Techneau - em que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil está envolvido com o objectivo de estudar e desenvolver metodologias e técnicas para a gestão do risco no tratamento de água para consumo humano.
O equipamento monitoriza, de forma contínua, a actividade de peixes expostos a água filtrada, em escoamento contínuo, através de uma série de instrumentos, que accionarão um alerta no caso de alteração de actividade e/ou de morte dos peixes.
A Águas do Algarve testará o equipamento na ETA de Alcantarilha durante cerca de seis meses. Os resultados obtidos irão ser utilizados para validação e evolução dos sistemas de medição de toxicidade no sector do abastecimento de água para consumo humano, contribuindo para a melhor gestão do risco e para a salvaguarda da saúde pública.
A construção de um parque eólico em Freiria, concelho de Torres Vedras, está a provocar o protesto dos moradores dos arredores que acusam a empresa de montar aerogeradores nas proximidades das casas.
A câmara de Torres Vedras afirma que o parque eólico cumpre a legislação e está licenciado mas os moradores (mais de meia centena) subscreveram um abaixo-assinado a contestar a proximidade de dois aerogeradores em relação às suas habitações.
No abaixo-assinado os moradores alertam que «tendo em conta a proximidade que os dois aerogeradores estarão do perímetro urbano (inferior a 300 metros), poderão ser vítimas de uma tragédia».
É o caso de Conceição Antunes, primeira subscritora do abaixo-assinado e residente na casa que se encontra mais próxima das torres eólicas, a cerca de 250 metros. «Fiquei indignada quando vi que o aerogerador irá ficar mesmo por cima da minha casa, porque em caso de explosão ou queda de algum equipamento quem leva com os destroços somos nós», disse à Lusa.
Os habitantes alegam que dois dos cinco aerogeradores vão ser instalados a 250 metros das casas (distância calculada em linha recta), quando a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo recomenda uma distância mínima de 300 metros em relação aos perímetros urbanos.
Contactado pela Lusa, o presidente da câmara, Carlos Miguel, esclareceu que «não existem distâncias regulamentadas e o que existe é uma recomendação». Como cumpre a legislação, o parque eólico foi devidamente licenciado, por isso a autarquia «não vai alterar o que foi licenciado», disse o autarca.
A empresa Eólica Terras do Mato S.A. não quis prestar esclarecimentos, contudo no processo de obra entregue na autarquia os responsáveis afirmam que os aerogeradores mais próximos das habitações estão a 328 metros de distância, uma vez que é preciso ter em conta a «orografia do terreno e a altura a que se encontram as torres».
Os moradores receiam ser também incomodados com o ruído provocado pelo funcionamento das torres eólicas, apesar de o projecto cumprir a legislação, recordam autarquia e promotor. O abaixo-assinado vai ser enviado ao Governo Civil de Lisboa, Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Torres Vedras.

Cidadãos lançam petição em defesa do solo agrícola do país

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Portugal já não é rico em solos férteis, mas uma recente legislação veio retirar a garantia de que os que existem serão preservados. É esta a principal crítica — e preocupação — de um grupo de cidadãos que pôs a circular na Internet uma petição em defesa da Reserva Agrícola Nacional (RAN).

No final do mês passado, foram aprovadas alterações ao regime da RAN que, segundo os subscritores, não melhoraram a lei anterior, antes a alteraram por completo. Por isso, apelam a que os deputados à Assembleia da República introduzam alterações que permitam que os solos sejam salvaguardados para a produção de alimentos.

A petição foi posta a circular na segunda-feira em www.peticao.com.pt/reserva-agricola-nacional e já conta com cerca de 450 assinaturas, entre as quais a do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, um dos ideólogos das reservas agrícolas e ecológicas nacionais.

Os subscritores da petição criticam algumas das alterações introduzidas, as quais, referem, foram “escamoteadas ao escrutínio público durante a preparação do diploma”. “Permitir a incondicional florestação dos solos agrícolas, excluir da RAN áreas destinadas a habitação, actividades económicas, equipamentos e infra-estruturas — subalternizando a defesa dos poucos solos férteis do país a necessidades que podem ser colmatadas de outras formas — e as numerosas utilizações de áreas da RAN para outros fins” são as principais questões apontadas.

Uma das principais críticas tem a ver com o facto de se prever que a delimitação da RAN tenha em atenção outros usos para o território. E argumentam que esses usos podem procurar localizações alternativas enquanto o solo agrícola tem uma “localização única, cada vez mais rara no contexto nacional, e insubstituível”.

In "Público", 29.04.2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

Governo longe dos 50 mil sistemas de microgeração


Até 2010, a Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) prevê a instalação de 50 mil sistemas de microgeração para produção descentralizada de electricidade, no âmbito do programa Renováveis na Hora. No entanto, em Janeiro de 2009 estavam apenas certificados 615 sistemas, num total de 2227 kW, enquanto a meta para esse ano era de 10 MW. O cumprimento deste objectivo fica-se, assim, pelos 22 por cento.

O regime de microprodução, aprovado pelo Governo em 2007, permite aos consumidores produzir electricidade em suas casas, através de painéis fotovoltaicos e de mini-eólicas, e vender o excedente à rede eléctrica pública desde que não ultrapasse os 150 KW. No entanto, a diferença entre o número de registos efectuados e os que foram certificados indicia dificuldades a nível da implantação do regime.

Em Abril fez um ano em que se iniciou, no âmbito do programa Renováveis na Hora, o primeiro período para apresentação de pedidos de registo para produção de electricidade por intermédio de unidades de microprodução. No espaço de um ano, foi efectuado um total de 8431 registos, equivalentes a 29 179 kW de potência. No entanto, até Fevereiro de 2009, apenas 4205 registos tinham sido efectivamente pagos, ou seja, o correspondente a 14724 kW de potência.

Registo sobrecarregado

Carlos Campos, presidente da Apisolar – Associação Portuguesa da Indústria Solar, tem sido uma das vozes mais críticas do processo. O responsável garante que o cenário «é ainda mais grave», pois para as metas apenas serão contabilizados os sistemas que estão efectivamente ligados à rede eléctrica, que rondam os 600 a 700 KW. Com efeito, «os 10 MW estão muito longe de estar instalados, e o cenário está cada vez pior», afirma, considerando difícil atingir a meta dos 20 MW ligados em 2020 se não houver alterações no processo de registo no Sistema de Registo de Microprodução (SRM).

O presidente da Apisolar defende que o período para inscrição no SRM devia decorrer ao longo de 24 horas, durante o mês inteiro, independentemente da potência disponibilizada ficar esgotada em poucas horas ou não. O facto de o processo não decorrer em contínuo, concentrando os pedidos em dois ou três dias, sobrecarrega o sistema, muitas vezes apenas com pedidos de informação de ligação à rede, o que, na opinião de Carlos Campos, justifica o menor número de registos pagos. Para além disso, em vez de o pagamento dos 280 euros ser feito depois da inscrição, deveria ser realizado logo no acto do registo. Se o pedido não fosse aceite, o montante seria devolvido, sustenta.

«A EDP é a principal controladora do sistema, e é a única que possui informações sobre os “cancros” da rede, isto é, sobre as zonas onde há picos ou défices», continua o responsável da Apisolar. A eléctrica nacional é, sublinha, a única entidade que sabe onde pode ser injectada electricidade na rede, e «o Governo deveria obrigá-la a fornecer essa informação à DGEG, para acelerar o processo».

Autor / Fonte
Tânia Nascimento

Agenda 21 Local de Armamar com projecto para reciclagem de óleos alimentares

O município de Armamar está a desenvolver o projecto de sensibilização ambiental “Armamar Recicla”, no âmbito da sua Agenda 21 Local. Este projecto inclui várias acções relacionadas com a recolha selectiva de resíduos e com a implantação de um sistema de recolha de óleos alimentares e azeites usados.
As acções previstas passam pelo alargamento da rede de ecopontos, a consolidação e reforço da informação relativa às datas de recolha de monstros urbanos e, sobretudo, pela implantação da recolha de óleos alimentares e azeites usados.
A autarquia estabeleceu uma parceria com a empresa Ecoldiesel com o objectivo de dar um fim adequado a estes resíduos, através da colocação de recipientes próprios – oleões - em unidades de restauração, hotelaria, instituições de solidariedade social, escolas e juntas de freguesia. O óleo será recolhido pela empresa para produção de biodiesel.

Cascais Atlântico apresenta Portal do Mar de Cascais


A Cascais Atlântico apresentou, hoje, o Portal do Mar de Cascais, uma ferramenta online que reúne dados diversos sobre o mar de Cascais com o objectivo de divulgar toda a informação relacionada com a orla costeira do concelho.

Este projecto surge no âmbito do “AquaSig Cascais”, um instrumento online lançado em 2008 para apoiar o planeamento e a gestão sustentável da orla costeira do município, já disponível na página Web-Sig da Câmara Municipal de Cascais (www.sig.cm-cascais.pt), e que inclui um programa de monitorização do litoral co-financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007-2013).

O “AquaSig Cascais” é uma fonte centralizada de informações sobre os elementos naturais e edificados numa área contígua ao concelho de Cascais, até ao limite de quatro milhas ao largo e por uma faixa terrestre até 450 metros, abrangendo os principais ecossistemas, com exclusão das zonas urbanas, urbanizáveis e turísticas.

Na sequência deste e de outros projectos, a Cascais Atlântico associa-se ao Google Ocean, passando a disponibilizar toda a informação georreferenciada neste motor de pesquisa e a partilhar os dados recolhidos a nível internacional. A propósito deste lançamento, António d’ Orey Capucho, presidente da autarquia de Cascais, considera que «este é mais um passo que reflecte o nosso empenho em estar na vanguarda do desenvolvimento sustentável, aproximando ainda mais os cidadãos dos temas que nos são caros, como a protecção da natureza em geral e, neste caso, dos recursos marítimos».

Cascais é, assim, o primeiro concelho do País a investir num sistema de monitorização dedicado exclusivamente às suas águas costeiras e a colocar toda a informação disponível ao público de uma forma simples e de fácil utilização.

Electricidade: 43% gerada por fontes renováveis

Segundo as últimas estatísticas da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), Portugal foi, em 2007, o terceiro país na União Europeia a 15 com maior incorporação de energias renováveis.
Quarenta e três por cento da electricidade consumida em Portugal em 2008 teve origem em energias renováveis, tendo o país terminado o ano com 8.151 megawatts (MW) de potência instalada renovável.
Ainda assim, a produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis (FER) caiu nove por cento no ano passado, face a 2007, devido ao decréscimo verificado na componente hídrica.
Já a produção eólica cresceu 42 por cento em 2008 face ao ano anterior, situando-se actualmente a potência instalada eólica praticamente nos 2.800 MW (distribuída por 172 parques), precisamente a meta estabelecida para o final de 2008.
O aumento da potência instalada renovável registado no final de 2008 resultou, segundo a DGEG, do crescimento na potência eólica e fotovoltaica, tendo também incluído, pela primeira vez, a potência instalada numa central com aproveitamento da energia das ondas (do parque de ondas da Aguçadoura, ao largo da Póvoa de Varzim).
De acordo com os dados divulgados, a produção de energia eléctrica a partir de FER está concentrada no Norte, sobretudo nos distritos de Viana do Castelo, Bragança, Viseu, Coimbra, Braga e Vila Real.
Excluindo a grande hídrica, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Viana do Castelo, Lisboa, Vila Real, Guarda, Braga e Santarém são os principais distritos em termos de potência instalada, com 81 por cento do total nacional.
É também no Norte que está concentrada grande parte da potência licenciada renovável, já que é aí que estão localizadas as grandes hídricas e um número significativo de parques eólicos.
Já Lisboa, Leiria, Castelo Branco e Viseu têm uma forte componente eólica, correspondente a mais de metade da potência renovável destes distritos.
Em termos de produção eólica, os distritos com maior potência instalada eram, em Dezembro, Viseu, Castelo Branco, Viana do Castelo, Coimbra, Lisboa, Vila Real, Leiria, Santarém e Braga.
Segundo os dados da DGEG, até Dezembro de 2008 foram licenciados 9.687 MW de instalações electroprodutoras a partir de FER, mais 19 por cento relativamente à potência instalada actualmente.
As energias renováveis têm sido a grande aposta da política energética do Governo português, em detrimento da energia nuclear, que o executivo já por várias vezes assegurou não estar na agenda pelo menos até ao final da legislatura.
Ainda assim, a Enupor - Energia Nuclear de Portugal, um consórcio de investidores lançado em 2005 por Patrick Monteiro de Barros, diz aguardar uma evolução da actual posição do Governo e manter em cima da mesa a sua proposta de construção da primeira central nuclear em Portugal.
Recentemente, em declarações à agência Lusa, o administrador da Enupor Sampaio Nunes criticou a falta de acção do Governo nesta área e alertou que tal implica uma "degradação competitiva" de Portugal face aos seus parceiros, onde está a ocorrer "uma revolução do renascimento da energia nuclear".

Centro de tratamento de resíduos não perigosos inaugurado amanhã em Famalicão

O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, inaugura quarta-feira em Famalicão, o Centro de Valorização de Resíduos Industriais Não Perigosos, o único do norte do país que vai operar para o mercado nacional, anunciou hoje fonte da autarquia.O presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Armindo Costa, adiantou que o Centro, que contempla a criação de 20 postos de trabalho, implicou um investimento de cinco milhões de euros da empresa promotora, a Valor-Rib, estando previsto um investimento semelhante durante os 17 anos de vida estimada do equipamento. O investimento é da Valor-Rib, uma sociedade maioritariamente participada pela empresa de obras públicas local Amândio de Carvalho SA e pelos espanhóis da Cespa, que integra entre os sócios o ex-dirigente ambientalista e antigo presidente da Assembleia Municipal de Famalicão, Joaquim Loureiro. Para o autarca social-democrata, "com o novo equipamento, o concelho, que já resolveu o problema dos resíduos domésticos, fica na vanguarda da preservação do ambiente". Com luz verde do Governo, nomeadamente da área ambiental, o Centro foi instalado no Monte do Xisto, na freguesia de Fradelos, num terreno de 32 hectares afastado de zonas residenciais. A unidade integra três sectores: um aterro para resíduos não perigosos, um centro de triagem de produtos valorizáveis e uma plataforma de tratamento de inertes da construção. Segundo fonte da autarquia, a empresa estima receber anualmente um total de cem mil metros cúbicos de resíduos. A nível dos inertes oriundos da construção civil, está preparado para reciclar 80 por cento dos resíduos. No caso dos resíduos industriais, a matéria reciclável atinge os 30 por cento. O centro destina-se a reciclar os resíduos não perigosos, "muitos deles lançados de forma selvagem em zonas mais ou menos escondidas, com manifestos prejuízos para a qualidade de vida das populações, e cuja eliminação jamais poderia passar pelas soluções que tratam os resíduos sólidos urbanos". Para monitorizar o seu funcionamento será criada uma Comissão de Acompanhamento, com responsáveis autárquicos e técnicos ambientais.

Amazónia: Brasil luta para travar destruição da floresta

O Brasil está a dar prioridade à travagem da destruição da Floresta Amazónica, que reduziria fortemente as emissões poluentes globais, mas já se prepara também para os efeitos das alterações climáticas, afirmou hoje o ministro do Ambiente, Carlos Minc.
Minc, que falava em Lisboa na abertura dos Dias do Desenvolvimento, afirmou que o Fundo de Mudança do Clima já está no Congresso brasileiro, e que deve ser aprovado dentro de dois a três meses, contando com 10 por cento das receitas petrolíferas do país para acções de «mitigação e adaptação».
«É uma coisa importante. Temos de criar mecanismos consistentes para política de combate à vulnerabilidade e adaptação da população» em relação, por exemplo, ao esperado aumento da temperatura média, que conduz à desertificação, afirmou o ministro do Ambiente, Recursos Hídricos e Amazónia Legal.
Outra área de acção do governo brasileiro, afirmou, passa pelo saneamento, estando em rampa de lançamento um plano para duplicar a quantidade de esgotos colectados e tratados no país.
«É um ganho real no país. Por cada dólar investido no saneamento, poupa-se seguramente três ou quatro na saúde. (...) A primeira causa de mortalidade no Brasil ainda são doenças causadas por água contaminada», afirmou.
«Hoje temos um plano, temos metas e temos o Fundo da Amazónia», disse o ministro brasileiro, que se confessou «emocionado» por representar o governo brasileiro no evento que hoje começou em Lisboa, cidade onde viveu no exílio e inclusivamente leccionou.
Minc afirma-se empenhado em travar o desmatamento da Floresta Amazónica, mas salienta que «não basta a acção policial de fiscalização de repressão».
Tenho estado de quinze em quinze dias na Amazónia em operações contra o desmatamento fechando carvoarias clandestinas, fechando madeireiras clandestinas, tirando gado ilegal. Fechámos uma carvoaria numa hora, mas não conseguimos criar 50 empregos numa hora. Precisamos fazer com que as pessoas possam viver com dignidade, mantendo a floresta em pé», afirmou.
A actual administração Lula pretende reduzir desmatamento da Amazónia em 70 por cento, o equivale a reduzir emissões de dióxido de carbono em 4,8 mil milhões de toneladas de carbono, referiu.
«É tal a emissão ligada ao desmatamento da Amazónia que essa meta é superior à soma das metas dos países desenvolvimentos [no protocolo] de Kyoto», sublinhou.
Quanto as próximas etapas da discussão global sobre as alterações climáticas, nomeadamente a conferência de Copeganha no final deste ano, Minc diz que estão «bem encaminhadas», nomeadamente com a maior abertura recentemente demonstrada pelos Estados Unidos, mas afirma haver também motivos de preocupação.
«A questão não está ainda definida porque existe um abismo entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento», sublinhou.
No final, disse que a cooperação é a única solução porque «não se é feliz sozinho».
«É esta a posição brasileira: completamente favorável a intensificar a cooperação, completamente comprometida com um mundo sustentável. Não dizer que resolvemos todos os problemas - ao contrário, estamos longe - mas lutando diariamente para que a inclusão social e diminuição das emissões seja incorporada» pelas decisões dos agentes públicos, referiu.
in Diário Digital / Lusa

Sintra proíbe touradas e espectáculos de circo com animais

Decisão tomada na Assembleia Municipal
Sintra proíbe touradas e espectáculos de circo com animais
27.04.2009


Se for a Sintra e assistir a uma tourada ou a um espectáculo de circo onde entrem animais é porque a lei está a ser violada. A Assembleia Municipal decidiu proibir, na última reunião, este tipo de espectáculos, na sequência da aprovação do Regulamento de Animais de Sintra.A medida, tomada na última quinta-feira, contou com os votos favoráveis do Bloco de Esquerda e da maioria do PS e da coligação “Mais Sintra”. Já a CDU e alguns deputados do PS e da coligação votaram contra.Para Miguel Moutinho, Presidente da Animal, “o ano de 2009 está a ser absolutamente histórico para o progresso político da protecção dos animais em Portugal. Ao fim de muitos anos de luta com importantes consequências sociais mas sem consequências políticas a favor dos animais, a Animal está finalmente a testemunhar a concretização de medidas importantíssimas para os animais de Portugal, nomeadamente as tomadas em Viana do Castelo, Braga, Cascais e, agora, Sintra”.E acrescenta, em comunicado: “Com a continuação do trabalho até aqui desenvolvido, reforça-se a convicção da Animal de que não tardará muito até que Portugal seja um país livre da tortura de animais em touradas e da brutalização e subjugação de animais em circos”.Recorde-se que, no início do ano, Viana do Castelo foi a primeira a dar um passo no sentido de se declarar uma “cidade anti-touradas”. Depois, os presidentes da Câmara de Braga e de Cascais anunciaram a proibição de touradas nos seus concelhos, sendo que este último também não permitirá espectáculos de circo com animais em estruturas desmontáveis.De acordo com uma sondagem citada pela Animal, feita em Março de 2007, 61,1 por cento dos habitantes do norte do país declaram querer que as touradas sejam proibidas por lei em todo o país e 64,5 por cento que declaram querer que as cidades e vilas em que residem sejam declaradas cidades e vilas anti-touradas.

in,http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1377028&idCanal=62

O Princípio do Desenvolvimento Sustentável é mesmo um princípio?

A frase apresentada conduz a uma reflexão acerca de dois “princípios” ambientais: o do desenvolvimento sustentado e o da precaução, e será em relação ao primeiro que começaremos a nossa abordagem. É importante ver algumas considerações sobre o que a doutrina tem entendido por desenvolvimento sustentado. Tendo, desde já, em consideração o que Vasco Pereira da Silva entende acerca desta matéria. Em primeiro lugar, ao contrário da Autora citada, entende que se trata de um princípio ambiental, consagrado na Constituição da República Portuguesa (CRP), no artigo 66 nº 2 alínea b), quando se refere a “...um equilibrado desenvolvimento socioeconómico...”. O referido autor aponta a este princípio uma origem internacional, inicialmente com uma conotação económica mais acentuada, e, refere a Declaração de Estocolmo de 1972 e a Carta da Natureza de 1982, como dois marcos daquele. Quanto ao conceito, o autor salienta que o princípio impõe uma “ (...) ponderação das consequências para o meio ambiente de qualquer decisão jurídica de natureza económica tomada pelos poderes públicos (...) ”, acentuando ainda que o facto de os custos ambientais de uma determinada actividade económica, por exemplo, serem superiores aos benefícios económicos, conduzirá à invalidade da decisão que a autorize. Como forma de controlo da actuação da Administração, Vasco Pereira da Silva defende que este princípio constitucional obriga aquela a fundamentar as suas decisões, usando a expressão “fundamentação ecológica” para afirmar que a Administração deve demonstrar que procedeu a uma adequada ponderação entre benefícios económicos e prejuízos ecológicos de uma sua autorização ou medida. Rodrigues da Costa, tal como Carla Amado Gomes salientam a vertente ética do conceito de desenvolvimento no sentido em que varia na proporção dos valores que a sociedade considere desejáveis. Além disso, refere uma componente material de bem-estar e uma componente moral, estreitamente ligada ao sentido mais profundo da existência. É a vertente material que nos interessa no âmbito deste nosso trabalho, já que para o autor, a mesma se traduz no consumo de recursos naturais que, sendo limitados, vão conduzir ao surgimento de questões acerca da “sustentabilidade dos modelos de desenvolvimento que se adoptam”. Importante também é fazer referência ao conceito de desenvolvimento sustentado defendido no Relatório Brundtland, datado de 1987 e publicado pela WCED (Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento), que se traduz no “ (...) desenvolvimento que permite dar resposta às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras darem resposta às delas (…) ”. Rute Gil Saraiva aponta duas ideias que estão na base do desenvolvimento sustentado, sendo a primeira a de satisfazer necessidades primárias e a potencial destruição de equilíbrio ecológico, devido aos actuais padrões de produção e de consumo e ao grau tecnológico alcançado, que se traduzem na incapacidade dos recursos naturais darem resposta às necessidades do Homem. A mesma autora contrapõe ao conceito de desenvolvimento sustentado, o de sustentabilidade ambiental, afirmando que este último assume um carácter mais neutro do que o primeiro, na medida em que o objectivo será o alcance de um equilíbrio entre a actividade humana e o ambiente, pondo de parte a ideia de saturação ou extinção de espécies; enquanto o desenvolvimento sustentado, revestir-se-ia de uma feição mais económica, aceitando que a interacção do Homem com o ambiente, baseada em actividades económicas, trará sempre impacto ambiental. Procede, ainda, a uma distinção entre sustentabilidade fraca e forte, sendo que a fraca corresponde à adoptada no já referido Relatório Brundtland, traduzindo-se na ideia de garantia das mesmas oportunidades para as gerações futuras e presentes, embora com base numa ideia de substituibilidade dos recursos ambientais; a sustentabilidade forte, através da qual se identifica um núcleo de bens naturais, considerado intangível e se tem em linha de conta a problemática da irreversibilidade ecológica versus dinâmica científica. Para Afonso d´Oliveira Martins, “o desenvolvimento será sustentável, por um lado, na medida em que não traduza uma visão puramente utilitarista e imediatista, ajustando-se antes à realização consistente do Bem Comum e traduzindo uma ponderação de valores como os da justiça e da solidariedade (intra-societária e inter-societária). Por outro lado, implica a consideração do fenómeno do desenvolvimento com todas as consequências que pode ter para o Homem e para a Natureza não somente hoje, mas também amanhã ou a longo prazo. Parece-nos que é também em vista desta ideia de realização do “Bem Comum” e da ponderação de valores, como o da solidariedade, que Carla Amado Gomes se refere ao “carácter ético de certas máximas”. Afonso d´Oliveira Martins discorda desta última autora, na especialmente no que se refere “ (...) retira-lhes a natureza principiológica (...) ”, na medida em que defende que o Direito elevou o conceito de desenvolvimento sustentável a um verdadeiro princípio, de acordo com o qual, os Estados ficam obrigados, nomeadamente, quando levam a cabo actividades de fomento”, a considerar: a utilização de recursos naturais ao serviço da sociedade e solidariamente com as necessidades da própria Humanidade; a racionalidade na utilização desses recursos, devendo evitar desperdiçá-los, esgotá-los, mantendo sempre em linha de conta a sua (in)capacidade de renovação; as consequências futuras advenientes dessas actividades; tendo ainda a obrigação de promover um desenvolvimento em favor das gerações vindouras. De acordo com este autor, estamos perante um “Princípio de Direito Internacional Comum”, embora os direitos nacionais o tenham consagrado nas suas “Constituições de nova geração”, como o fez a nossa CRP de 1976.
Passemos agora, à análise da precaução, que tem sido alvo de grande discussão, apresentando carácter mais controverso do que o desenvolvimento sustentável. Mais uma vez, faremos salientar a posição de Vasco Pereira da Silva, acerca da precaução. Assim, este autor, depois de indicar a finalidade do princípio da prevenção e de defender uma noção ampla desta, no sentido de a mesma se destinar não só “ (...) a evitar perigos imediatos e concretos, de acordo com uma lógica imediatista e actualista (...) ”, mas também a “ (...) afastar eventuais riscos futuros, mesmo que não ainda inteiramente determináveis, de acordo com uma lógica mediatista e prospectiva, de antecipação de acontecimentos futuros.”. Independentemente das causas que estão na base da lesão ambiental serem naturais ou o resultado das condutas dos seres humanos, vem opor-se à necessidade de distinção entre prevenção e precaução, optando por integrar esta última no conceito amplo daquela. Vasco Pereira da Silva, contesta que se deva associar à ideia de precaução um princípio “indubio pro natura”, na medida em que este traduzir-se-ia numa “verdadeira presunção”, no sentido de impor, àqueles que querem iniciar uma nova actividade, a prova da não existência de perigo para o ambiente, tendo como resultado a inibição de toda e qualquer nova actividade, pois, como refere o autor, “o risco zero em matéria ambiental não existe”. No que concerne à ideia de acordo com a qual, da precaução decorre a obrigação de adoptar cautelas quanto às actividades levadas a cabo pelo ser humano, ainda que não existam dados científicos consolidados no sentido de se poder estabelecer um nexo de causalidade entre uma determinada acção e um dano no ambiente, aquele autor vem dizer que a mesma não se pode traduzir na eliminação do nexo de causalidade no Direito do Ambiente; sendo que, quando muito, pudesse optar pelo estabelecimento de uma “presunção de causalidade”, na medida em que os “fenómenos de concurso de causas”, tornam extremamente difícil a prova do nexo causal entre aquela conduta e aquele dano ambiental; no entanto, não esqueçamos que esta ideia tem na sua base a noção ampla de prevenção e não o conceito de precaução. Assim o autor vem reforçar a ideia de prevenção em sentido amplo, fazendo-a abranger perigos naturais e riscos humanos e, ainda, antecipação de lesões ao ambiente, sejam as mesmas actuais ou futuras. Chegados a este ponto, importa agora fazer uma análise da frase de Carla Amado Gomes. Iremos proceder, em primeiro lugar, à abordagem da precaução do ponto de vista internacional e, depois, no seio da União Europeia, finalizando com a discussão da compatibilidade do princípio da precaução com a CRP, nomeadamente, com o seu artigo18º nº 2, como procede a autora. Cabe, desde logo, dar conta que a precaução surgiu no princípio 15 da Declaração do Rio, de 1992, que viria, como dá conta a autora, a universalizar a ideia de precaução. É também frisado o facto de o conceito de prevenção ser bastante variável, sendo que “as diferentes caras com que o princípio se apresenta, em vários documentos internacionais relativos à protecção ambiental, geram a dúvida de saber se a ideia de precaução tem uma significação própria e suficientemente estável de modo a permitir a identificação de um princípio”. Ora, é justamente com base nesta ideia que a autora se refere, na frase que propuseram que comentássemos, à “ (...) deriva formulativa de alguns alegados princípios de Direito do Ambiente (...) ”; mas não só, até porque aquela destaca outros problemas que a precaução suscita e que fazem com que duvide da sua “natureza principiológica”, nomeadamente, o facto de não estar fixado qual “ (...) o mínimo de incerteza que justifica a abstenção de intervenção (ou a sua suspensão), ou que obriga a uma actuação (…) ”; e, ainda a questão de o objecto do risco ser controverso (para uns a incerteza relaciona-se com a existência ou não do risco; para outros, o dano é inquestionável, residindo a dúvida na amplitude dos efeitos do mesmo. Carla Amado Gomes conclui, assim, que “a diferente formulação da equação da precaução condena a ambição de assunção do estatuto de princípio (de Direito Internacional), na medida em que não se consegue impor com um significado unívoco”; residindo o “calcanhar de Aquiles da ideia de precaução”, na questão de a mesma se reduzir a um “simples objectivo programático”, não reunindo “um núcleo mínimo de elementos que veiculem a sua aplicação homogénea a um conjunto similar de situações”. Em sede de todas estas considerações, a autora, depois de definir o princípio da prevenção – aquele que impõe aos Estados uma actuação que antecipe o que está na base dos prejuízos irreversíveis para os componentes ambientais, como forma de evitar danos -, passa a estabelecer um termo comparativo entre prevenção e precaução, para mostrar a sua preferência pela primeira. Além disso, faz referência à jurisprudência internacional como tendo contribuído para a sedimentação do princípio da prevenção, no sentido de o encarar como protector dos bens ambientais em si mesmo, isto é, independentemente dos mesmos se encontrarem subordinados à jurisdição de um Estado, e, até, contra esta; para, logo de seguida, perspectivar o princípio a prevenção à luz de um progresso coerente e sedimentado, em contraposição com o da precaução que, de acordo com a autora tem tido um “percurso ziguezagueante”. Conclui que a precaução não se reveste de autonomia em relação à prevenção (frisámos que Vasco Pereira da Silva também defende esta ideia), que a diferença entre elas é apenas de grau e não de natureza, na medida em que “o núcleo essencial da noção de antecipação de riscos estará sempre salvaguardada pelo princípio da prevenção, numa leitura mais abrangente” Façamos, então, em breves palavras, uma alusão a este princípio no seio da União Europeia. Primeiro, cumpre referir que a precaução consta do Tratado de Roma, no seu artigo 174º nº 2, no seio da política ambiental. Neste âmbito, Carla Amado Gomes, relata algumas das dúvidas suscitadas pela consagração do princípio da precaução no Tratado, designadamente: Qual o conceito de precaução? Qual o seu âmbito objectivo de aplicação? Abrangerá também a saúde pública? Qual o âmbito subjectivo do princípio? Vinculará apenas a actuação dos órgãos comunitários, ou também irá condicionar os órgãos dos Estados-Membros? Como compatibilizar o princípio de precaução com outros princípios comunitários? Quanto à primeira questão, esta autora defende que o conceito de precaução virá a ser desenhado pela União Europeia na sua tarefa legislativa e, acrescentamos nós, pela jurisprudência do Tribunal de Justiça das Comunidades, que tanto tem contribuído para a determinação do alcance das disposições comunitárias. No que diz respeito ao âmbito objectivo de aplicação do princípio da precaução, a autora defende que o mesmo só abrangerá a saúde pública, e não apenas o ambiente, quando certa actuação comunitária tiver o intuito de salvaguarda do ambiente e da saúde pública simultaneamente. No que concerne à terceira questão, a doutrina maioritária tem vindo a defender que a precaução vincula apenas a Comunidade. Finalmente, nesta última questão, darei especial ênfase ao problema de articulação do artigo 30º Tratado da Comunidade Europeia (TCE) com o princípio da precaução. Este artigo constitui uma excepção à proibição de obstáculos à livre circulação de bens, com base em preocupações relacionadas com a vida e saúde das pessoas e animais e, ainda, com a conservação das plantas. Neste âmbito, a “pedra de toque” reside no facto de os Estados poderem invocar a precaução com intuitos proteccionistas, dada a indefinição da mesma. Não poderíamos deixar de fazer referência à Comunicação da Comissão sobre o Princípio da Precaução, de 2 de Fevereiro de 2000, em relação à qual Carla Amado Gomes salienta várias questões, nomeadamente: a decisão de fixar o conceito de precaução reveste-se de cariz político; a dúvida, no que diz respeito aos riscos, tem de ser séria, devendo basear-se em estudos científicos; perante os riscos equacionados devem ser adoptadas diferentes medidas, que podem passar pela informação do público e ir até à implementação de uma medida que proíba a comercialização de um produto, com base numa ideia de reavaliação da medida sempre que surjam novos dados; a introdução de princípios que devem estar na base dos procedimentos a tomar, ante situações de incerteza, tais como o princípio da proporcionalidade, da não discriminação, da revisibilidade, entre outros. Importa atender ainda à questão de saber se a precaução não atentará contra o que dispõe o artigo 18º nº 2 da CRP, já que este manda o intérprete e aplicador do direito proceder a uma ponderação dos bens em presença e, a precaução, ao invés, resolve os problemas “independentemente das circunstâncias concretas”, dando primazia aos valores ambientais. Daí que Carla Amado Gomes defenda uma ponderação equilibrada dos factores em jogo, de forma a melhor satisfazer os interesses em presença, até porque não é possível eliminar o risco, e não se deve “hipervalorizar a realidade ambiental.” Para além disso, a utilização do princípio da precaução como meio habilitante de conformação restritiva de situações jurídicas individuais em prol de “valores colectivos incertamente ameaçados” atentará contra o Princípio da Legalidade (art. 266º nº 2 da CRP), da Reserva de Lei (arts. 18º nº 2 e 165º nº 1 al. b) da CRP), na medida em que a actuação da Administração se deve processar ao abrigo da lei; e da Separação de Poderes (arts. 2º e 111º nº 1 da CRP), pois a sua aplicação directa, sem prévia fixação do âmbito e dos limites da ponderação traduz-se em deixar para o juiz, a definição dos “riscos insuportáveis” e respectivos critérios, tarefa que deve caber ao legislador. Finalmente, a autora, chama a atenção para o facto deste princípio poder conduzir à acentuação da Responsabilidade Objectiva, isto é, sem culpa, já que, um produto ou uma actividade só seriam permitidos quando se provasse a sua inofensividade para o ambiente; se, mais tarde se chegasse à conclusão de que, afinal haveria lesão daquele, já não poderíamos lançar mão da Responsabilidade Subjectiva, porque tudo indicava ausência de risco; dando azo a uma aplicação genérica daquela.
Do meu ponto de vista concordo com a autora quando esta diz que é necessário encontrar um meio-termo até porque como também refere Vasco Pereira da Silva não podemos adoptar visões eco fundamentalistas que nenhumas vantagens trazem à defesa dos nossos direitos e do ambiente.
Bibliografia

Pereira da Silva, Vasco; “Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente”; Almedina; 2002.
Costa, Rodrigues da; “Desenvolvimento sustentável na Indústria Extractiva: Conceito e prática do Instituto Geológicos Mineiro de Portugal”; policopiado; Lisboa; 1999.
Cabrita e Gil Saraiva, Rute Neto “A Aposta no Desenvolvimento Sustentado-Breve perspectiva, em especial no âmbito do Direito Internacional”; Dissertação em Ciências Jurídico-Internacionais.
D’Oliveira Martins, Afonso; “O Desenvolvimento Sustentável e o Regime dos Cursos de Água Internacionais” in Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor Joaquim Moreira da Silva Cunha.
Amado Gomes, Carla; “Risco e Modificação do Acto Autorizativo Concretizador de Deveres de Protecção do Ambiente”; Lisboa; 2007;

Associação apela contra legalização das corridas de touros

A Associação Ecológica Amigos dos Açores enviou uma petição ao Parlamento Europeu, apelando a uma intervenção junto das autoridades regionais e nacionais para impedir a aprovação de legislação que permita corridas de touros picadas no arquipélago.
«Esta prática, que consiste na tortura animal para entretimento humano, nunca foi tradição em qualquer das nove ilhas dos Açores», refere o texto da petição, a que a Lusa teve hoje acesso.
A petição surge na sequência da apresentação no parlamento açoriano de uma proposta legislativa tendo em vista autorizar a realização da denominada «sorte de varas».
O diploma tem o apoio de 26 deputados do PS, PSD, CDS/PP e PPM, ou seja, necessita apenas de mais três votos para obter a maioria na Assembleia Legislativa dos Açores.
A iniciativa legislativa, que surge na sequência das novas competências atribuídas pela revisão do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, defende a legalização da «sorte de varas», alegando «a especial tradição e cultura tauromáquica que se vive de forma intensa em algumas ilhas do arquipélago», especialmente na Terceira, S. Jorge e Graciosa.
O novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores atribui competência legislativa ao parlamento regional em matéria de espectáculos e divertimentos públicos na região, onde se incluem as touradas e tradições tauromáquicas nas suas diversas manifestações.
Para os Amigos dos Açores, a aprovação da nova legislação seria um «profundo retrocesso civilizacional no que respeita ao bem-estar animal e aos direitos dos animais».
O texto enviado ao Parlamento Europeu recorda ainda que, «à luz do enquadramento jurídico português são proibidas as touradas e qualquer espectáculo com touros de morte, bem como o acto de provocar a morte do touro na arena e a sorte de varas», sendo excepção as tradições locais que se tenham mantido de forma ininterrupta nos 50 anos anteriores à entrada em vigor da legislação, ocorrida em Julho de 2002.
O tema das corridas picadas tem gerado divisões na sociedade açoriana, dividida entre os que apoiam esta medida e os que a rejeitam, admitindo-se que os partidos políticos venham a dar liberdade de voto aos deputados sobre esta matéria.
A última corrida picada na Praça de Touros da ilha Terceira realizou-se a 29 de Junho de 2002, no quadro das Festas Sanjoaninas.
Diário Digital / Lusa

in "Diário Digital", 28/04/2009

PIN na Meia Praia

Com a chegada de oito hotéis de luxo à Meia Praia, em Lagos, os pescadores conhecidos pelos Índios da Meia Praia reivindicam uma requalificação sustentável para os bairros onde vivem há cerca de 40 anos.


O primeiro hotel de luxo a abrir na Meia Praia já este sábado, às 20h00, é o Vila Galé Lagos, um quatro estrelas superior dedicado ao mundo da moda e com cerca de 30 milhões de euros investidos pela segunda cadeia hoteleira mais importante do país.

Em declarações à Lusa, o autarca de Lagos, Júlio Barroso, adiantou que estão na calha mais sete hotéis no âmbito do Plano de Urbanização da Meia Praia (PUMP), sendo dois deles projectos Potencial Interesse Nacional (PIN).

Os hotéis de luxo são vistos com agrado pelos habitantes do típico Bairro 25 de Abril, mas o presidente da Associação de Moradores apela ao autarca de Lagos para que em vez da desactivação progressiva do bairro se aposte numa requalificação do bairro dos pescadores em pólo turístico.

"Vemos com bons olhos o aparecimento de empreendimentos hoteleiros, porque traz mais investimento para a nossa zona e emprego, mas como isto é uma aldeia típica e antiga, a Câmara devia preservar o local e transformá-lo num ponto turístico a visitar", defendeu José Bartolomeu, presidente da Associação de Moradores da Meia Praia.

Segundo José Bartolomeu, o presidente da Câmara de Lagos devia "pôr olhos na aldeia, que tem quase 40 anos e onde há pessoas muito antigas a viver, e devia transformar o local num sítio a visitar".

Júlio Barroso disse à Agência Lusa que foi decidida a desactivação progressiva dos bairros da Meia Praia, contudo alega que "está tudo em aberto" e que a hipótese de uma requalificação dos bairros dos pescadores pode ser viável.

"O que está lá não honra Lagos, nem o país, mas a vida é uma dinâmica e não descarto a hipótese de requalificar os bairros", disse.

Além do Vila Galé Lagos, cujas obras exteriores estão a ser ultimadas esta semana para a inauguração no dia 25 de Abril, e com a provável visita do primeiro-ministro José Sócrates, está também em construção na Meia Praia o Iberohotel de cinco estrelas e que deverá terminar obra em Abril de 2010.

Os projectos PIN Palmares - com um aldeamento turístico, um hotel e o campo de golfe - e o Meia Praia Baia Resort - constituído por um hotel, um suite hotel e um apartotel - estão ambos previstos abrir em 2012.

Com o Hotel Meia Praia (antigo Hotel Azul), também do grupo Palmares, e o Hotel "New Paradigme" estão previstos um total de oito unidades hoteleiras no PUMP.

A Câmara de Lagos aprovou recentemente o plano de pormenor na zona da estação de caminho de ferro e está previsto ainda para a zona da Meia Praia outros dois empreendimentos de investidores espanhóis.

O Plano da Urbanização da Meia Praia foi aprovado em Julho de 2007 pelo Governo, uma medida que veio permitir a construção de hotéis de quatro e cinco estrelas naquele areal.

In barlavento online de 25 de Abril

Capturar e armazenar o CO2 para defender o ambiente

Os problemas climáticos estão relacionados com o consumo mundial de energia. Todas as previsões indicam que o consumo vai crescer e que a parcela de combustíveis fósseis como o carvão, o petróleo e o gás natural ainda vai representar 80% em 2030. Portanto, precisamos de ter êxito não apenas no desenvolvimento da energia renovável e na implementação de um programa abrangente de eficiência energética, mas também na criação de tecnologias para limitar radicalmente as emissões de gases com efeito de estufa dos combustíveis fósseis. Ambas as abordagens são possíveis, e Portugal e a Noruega podem mostrar o caminho tanto no que se refere ao desenvolvimento tecnológico como à redução de emissões. Se os países industrializados não demonstrarem vontade de realizar cortes significativos, perderemos a legitimidade necessária para contar com a aceitação e o compromisso dos países emergentes em reduzir as suas emissões.

A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a procura global de energia crescerá em 45% até 2030 se não ajustarmos o rumo da política climática e energética. A AIE teme que a temperatura média global possa subir 6º C, algo que seria catastrófico. É preciso conseguir cortar as emissões globais de gases com efeito de estufa em até 85% antes de 2050.

Fontes de energia renovável e eficiência energética são as principais estratégias no caminho para uma sociedade de baixa emissão de carbono. Neste momento, em que uma profunda recessão está a ameaçar a sociedade global, precisamos de amenizar os efeitos negativos mediante investimentos que ao mesmo tempo combatam a ameaça do clima e promovam soluções energéticas para o futuro. A transição para fontes de energia renovável significa a possibilidade de economizar, inovar e criar sustentabilidade, novos postos de trabalho e um melhor ambiente. Sendo pioneiro no desenvolvimento de novas tecnologias, Portugal é um dos países que mais têm mostrado vontade e capacidade de realizar esta transição.

No entanto, outros investimentos tecnológicos também são necessários para estancar o aquecimento global. Não temos tempo de esperar até que novas fontes de energia substituam o carvão, o petróleo e o gás, já que ainda vão predominar por muitas décadas. Por isso é vital desenvolver tecnologias que possam reduzir as emissões de combustíveis fósseis.

A captura e o armazenamento de carbono (CAC) têm um potencial de reduzir as emissões de parques termoeléctricos a carvão e gás natural em 85 a 95%. É uma questão de capturar o CO2 e armazená-lo de forma segura em estruturas geológicas.

Desde 1996, a Noruega separa um milhão de toneladas de CO2 por ano do campo de gás natural Sleipner, reinjectando-o numa formação geológica a mil metros de profundidade abaixo do leito marinho do Mar do Norte. Diversos projectos de pesquisa financiados pela UE monitorizaram o depósito de CO2 perto de Sleipner, verificando que não houve qualquer vazamento.

Na costa Oeste da Noruega, o Governo faz grandes investimentos no centro tecnológico de Mongstad para atingir a meta de um parque completo onde 1,3 milhões de toneladas de CO2 por ano serão capturados de uma termoeléctrica.

Muitos projectos-piloto são necessários para tornar a captura e o armazenamento de CO2 uma tecnologia comercialmente viável. A ambição da UE de criar até 12 projectos-piloto de CAC é um claro sinal político sobre o seu potencial. Portugal é um dos países que mostraram interesse em estabelecer uma instalação deste tipo. A iniciativa contribuirá para atingir a meta dos países do G-8 de lançar 20 projectos de demonstração em tamanho real até 2010 e difundir a utilização comercial de CAC até 2020. A Noruega apoia essas metas e os esforços para atingi-las. Portanto, em Maio de 2009, o Governo norueguês organizará uma conferência de alto nível sobre CAC para promover a compreensão da tecnologia e a sua contribuição potencial na luta global pelo clima.

O problema do clima precisa de ser enfrentado de forma ofensiva. Investimentos em energia limpa devem ser uma área prioritária para recuperar o crescimento económico. Alguns países europeus, entre os quais Portugal, já mostraram as possibilidades existentes de uma abordagem proactiva e inovadora desse tipo.

A subsistência das gerações futuras é ameaçada pelas mudanças climáticas. Reunindo as nossas forças em prol dos avanços tecnológicos, podemos combater o problema.


Jonas Gahr Støre
(Ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega)

Texto publicado na edição do Expresso de 10 de Abril de 2009.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Aproveitamento do Sol ainda escasso em Portugal

Portugal é um dos países mais ricos da Europa ao nível da energia solar. O número médio anual de horas de Sol varia, no território continental, entre as 2200 e as 3000 horas. Na semana em que se celebra o Dia Internacional do Sol (3 de Maio), o AmbienteOnline foi tentar perceber qual o aproveitamento que o País faz deste recurso.

A instalação de energia fotovoltaica em Portugal tem evoluído de uma forma bastante discreta, apesar de Portugal ser o país da Europa com maior incidência de radiação solar. A potência fotovoltaica total instalada no País atingiu, no final de 2008, 56,5 MW, de acordo com as estatísticas mais recentes da Direcção Geral de Energia e Geologia. Este é um valor já com algum significado, tendo em conta que, por exemplo, em 2004 a capacidade instalada era de 2,6 MW.

De qualquer modo, Portugal encontra-se ainda longe dos 150 MW (aos quais se juntam os 50 MW da microgeração) definidos pelo Governo para 2010. No final do ano passado, a energia fotovoltaica representava apenas 0,3 por cento no total da produção da energia renovável em Portugal continental.

Pela positiva destaca-se o facto de quase todos os equipamentos necessários à instalação da tecnologia solar fotovoltaica serem produzidos em território nacional, à excepção dos inversores fotovoltaicos de ligação à rede, garante João Wemans, um dos sócios da WS Energia, empresa que fabrica equipamento óptico e de seguimento solar.

Solar térmico mais atrasado

Pelo contrário, em relação ao solar térmico «não há propriamente uma indústria expressiva em Portugal», refere Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Energia Solar. Ainda assim, as mais recentes estimativas feitas pela Apisolar – Associação Portuguesa da Indústria Solar, em parceria com a Agência para a energia (Adene), dão conta de 86 mil m2 instalados em 2008, que representam uma taxa de crescimento superior a 70 por cento (em 2007, rondava os 50 mil m2).

Dos 180 mil m2 operacionais em 2002 passou-se para 390 mil m2 em 2008, um crescimento de 116 por cento. Este aumento foi alavancado pelo novo RCCTE (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios), que «faz uma certa publicidade ao solar», reconhece Rafael Ribas, vice-presidente da Apisolar para o sector térmico.

Face ao cenário actual, Nuno Ribeiro da Silva exige «mais atenção» para o solar térmico, cujo potencial «não está a ser cabalmente aproveitado». Tendo em conta o enorme potencial solar do País, «há um grande défice de aproveitamento», afirma.

O programa de incentivos ao solar térmico, anunciado recentemente pelo Governo, vai ao encontro das reivindicações dos promotores do solar em Portugal. Em meados de Fevereiro, o Executivo anunciou benefícios fiscais e facilidades no acesso ao crédito bancário para as famílias que instalem painéis solares térmicos, um programa que visa atingir 65 mil habitações em 2009, num investimento de 225 milhões de euros.

In: Portal do Ambiente Online, 27-04-09

ETAR «compacta» para acabar com esgotos no Tejo

A instalação de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) «compacta» é a solução proposta pela Câmara Municipal de Abrantes para «resolver, no imediato», o problema de esgotos do concelho que correm sem tratamento para o Tejo.
A informação, confirmada à Agência Lusa pela vereadora Céu Albuquerque, foi já comunicada à Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARHT), estrutura descentralizada do Ministério do Ambiente. Após um alerta da estrutura concelhia do Bloco de Esquerda, a ARHT efectuou em Março uma inspecção ao local, tendo considerado que o facto da ETAR dos Carochos verter directamente e sem tratamento para o Tejo era «insustentável».
Ultimato
A ARHT oficiou a Câmara de Abrantes, dando um prazo de 20 dias para esta apresentar uma proposta de solução, constando no relatório da inspecção, a que a Lusa teve acesso, a «situação de abandono» em que a ETAR dos Carochos se encontra, «denotando um avançado estado de degradação».
A responsável pelo pelouro do Ambiente da Câmara de Abrantes afirmou que a resposta ao ofício «seguiu de forma atempada» e que as soluções apresentadas à ARHT passam pela «instalação imediata de uma ETAR compacta, que dará o devido tratamento ao efluente, enquanto não se constrói uma nova ETAR no local».
«Esta ETAR compacta é um sistema que confere uma resposta imediata ao problema, uma vez que é adquirida já feita, completa e pronta a instalar no local pretendido», afirmou.
«Com a construção da nova ETAR, que estava prevista para 2010, mas cujos prazos vamos tentar antecipar, este sistema será retirado e utilizado para outro aglomerado populacional que necessite de ser servido por um sistema semelhante», acrescentou a autarca.
«Processo judicial» é causa das anomalias
Céu Albuquerque disse, também, que «atendendo a que é uma zona de crescimento e expansão da cidade, a futura ETAR dos Carochos terá uma capacidade de tratamento para um aglomerado populacional de 2.500 a 5.000 pessoas, contra as actuais 600, de forma a poder acolher os efluentes das novas urbanizações que estão a ser construídas no local».
A vereadora explicou que as anomalias verificadas na ETAR dos Carochos, «a menor das três que servem a cidade», devem-se a um «processo judicial que se arrasta há dez anos», entre o município e a empresa construtora.
«Esta acção decorre do facto da Câmara de Abrantes se ter recusado a aceitar a empreitada - instalação de equipamento -, uma vez que não correspondia ao que era exigido em caderno de concurso, tendo encetado um processo litigioso que ainda hoje decorre», afirmou.
Segundo disse, a futura ETAR «será construída ao lado da actual, de modo a aproveitar a conduta de transporte de efluentes e não aumentar mais os custos de instalação

Área de cultivo de produtos biológicos aumentou 9,4 por cento em 2008

A área de cultivo de produtos biológicos em Portugal cresceu 9,4 por cento em 2008 e os portugueses consumem cada vez mais produtos sem químicos, valorizando, apesar da crise económica, a qualidade dos alimentos.

Os dados são do Serviço Internacional para a Aquisição de Biotecnologia Agrícola e, já em 2007, Portugal estava entre os dez maiores produtores mundiais de alguns alimentos biológicos devido ao aumento de terra orgânica cultivável.

Consumidores questionados nos mercados biológicos de Oeiras e do Príncipe Real, em Lisboa, admitem que os produtos cultivados sem recurso a pesticidas são "mais caros" do que os alimentos produzidos "convencionalmente" e que, mesmo em tempo de crise, a diferença de preços é compensada pela qualidade acrescida dos alimentos.

Regina Frank, artista alemã a viver em Portugal há três anos, refere que em Portugal a opção pelos produtos biológicos pode significar uma despesa de mais 20 por cento, mas garante que "mesmo assim compensa, porque os produtos têm um sabor melhor, há mais qualidade de vida e um consumo mais consciente". Ana Paula Moreira, produtora e vendedora de pão biológico no mercado do Príncipe Real, considera que "as pessoas, quando consomem um produto de qualidade, não se importam de cortar na quantidade".

Cada vez mais baratos

Consumidor destes produtos há mais de cinco anos, João Feliz considera que "há a tendência para que os produtos biológicos sejam cada vez mais baratos", remetendo para os governos a responsabilidade de apoiar a agricultura biológica "pelas várias vantagens que tem". Para João Feliz, a crise pode estimular a produção de alimentos biológicos, uma vez que a estrutura económica terá de ser "reformulada", sendo "a agricultura biológica, com certeza, um dos componentes de uma sociedade sustentada".

O agricultor da região do Oeste João Oliveira, por seu lado, ainda não notou que a crise tenha chegado aos seus clientes, admitindo que a maioria dos consumidores tem um poder de compra elevado. "Há dois tipos de clientes: o que se abastece para toda a semana, porque sente que lhe faz bem e porque tem poder económico para o fazer; e aquele que, não tendo essa possibilidade, faz uma selecção e escolhe apenas certo tipo de produtos", explicou.

Entre 2001 e 2007, o cultivo dos chamados produtos biológicos vegetais em Portugal aumentou cerca de 70 por cento, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Gabinete de Planeamento e Política do Ministério da Agricultura, uma tendência que a Europa acompanhou.

In "Público", 27.04.2009

domingo, 26 de abril de 2009

Sintra apresenta plano estratégico de combate às alterações climáticas

A Câmara Municipal de Sintra apresentou ontem os resultados do estudo SIAM Sintra (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures), que irão configurar o seu plano estratégico de adaptação e combate às alterações climáticas.

«Avaliámos em diferentes vertentes a questão das alterações climáticas sobre os recursos hídricos, sobre as zonas costeiras, a adaptação nas florestas e a questão da adaptação também sobre a biodiversidade. Aquilo que notámos com este estudo é que as alterações não são tão significativas quanto aquelas que nós esperaríamos que pudessem vir a acontecer», disse o vereador da câmara de Sintra com o pelouro do Ambiente, Marco Almeida, citado pela agência Lusa.

Segundo o responsável, este estudo indica que, dentro de 70 anos, poderá haver «um ligeiro aumento do nível do mar que não tem implicações» directas na costa do concelho.
«O estudo pressupõe o desaparecimento de algum areal ao longo da costa mas não tem nenhum impacto nas localidades que estão próximas do litoral», disse Marco Almeida.

Este projecto teve a coordenação científica de Filipe Duarte Santos e contou com a participação de um conjunto de especialistas nacionais nesta temática que já tinham colaborado no projecto.

in PortalAmbiente online 2009-04-24

Moura pode acolher central solar termoeléctrica

O município de Moura pode vir a acolher um novo projecto para aproveitar a energia do sol. Depois de no ano passado ter entrado em funcionamento a central fotovoltaica de Moura, a autarquia, juntamente com as empresas Martifer Renewables, Lógica EM, Martifer Energy Systems e Iskandar vão juntar esforços no sentido de analisar a viabilidade da instalação de uma central solar termoeléctrica, com 50 MW, de potência instalada no concelho. Para o efeito, as cinco entidades assinaram ontem um memorando de entendimento.

Além disso, as cinco entidades pretendem actuar conjuntamente no sentido de sensibilizar as entidades governamentais para a necessidade de adopção de um enquadramento regulamentar mais favorável que permita a viabilidade de projectos desta natureza.

Esta parceria poderá também contribuir para o desenvolvimento de um conjunto de actividades inerentes a um projecto desta dimensão, tanto ao nível de investigação e desenvolvimento, como no desenvolvimento de estudos respeitantes a eficiência
energética naquele concelho, lê-se num comunicado da Martifer.

in PortalAmbiente Online 2009-04-24

Países em vias de desenvolvimento mais sensibilizados para as alterações climáticas

Os consumidores de economias emergentes estão mais preocupados e dispostos a tomar medidas relativamente às alterações climáticas do que os de países desenvolvidos, de acordo com um estudo da Accenture, empresa global de consultoria de gestão, tecnologia e outsourcing.

Apesar da crise económica, não diminuiu a preocupação global com as alterações climáticas e 53 por cento das pessoas nas economias emergentes afirma estar extremamente apreensiva em relação a esta questão, contra apenas um terço (31 por cento) nas economias desenvolvidas.

A maioria das pessoas (56 por cento) em economias emergentes pensa que as mudanças climáticas terão um impacto directo nas suas vidas, contra apenas 28 por cento nas economias desenvolvidas. Ainda assim, 70 por cento das pessoas em economias emergentes estão optimistas em relação à resolução das alterações climáticas, contra menos de metade dos inquiridos (48 por cento) em economias desenvolvidas.

Mais de metade (53 por cento) das pessoas em mercados emergentes afirma que mudaria para um novo produto, se lhes fosse assegurado que este minimizaria os efeitos nocivos para o clima, enquanto que apenas 24 por cento dos inquiridos nas economias desenvolvidas refere o mesmo. Em paralelo, 61 por cento dos inquiridos defenderam que mudariam para um fornecedor de energia que oferecesse produtos e serviços de emissões de carbono mais baixas se esta fosse uma opção, contra apenas 30 por cento nas economias desenvolvidas.

O custo é o maior inibidor à compra de serviços que ajudam a enfrentar as alterações climáticas. Os consumidores querem também que os fornecedores de energia melhorem as condições financeiras. Por exemplo, 80 por cento dos inquiridos considerariam instalar um gerador de energia doméstico numa modalidade de prestação mensal, em alternativa a um custo inicial total.

sábado, 25 de abril de 2009

Economia e empregos mais verdes são tendência nos próximos anos

Perante a instabilidade económica global, e o consequente aumento do desemprego, importa pensar nas oportunidades que surgem da crise. O greening da economia surge como incontornável num cenário em que as alterações climáticas ditam a emergência de novos mercados, novos negócios e novas tecnologias. O futuro da economia, segundo confirmam os especialistas contactados pelo AmbienteOnline, passa pelo “verde”. De resto, a criação de uma economia mais limpa, que proporcione a criação de empregos verdes, é um dos princípios básicos do Dia Mundial da Terra, que se celebrou no dia 22 de Abril.

Energia, água e resíduos são áreas que, futuramente, conhecerão um novo fôlego nos próximos anos em todo o mundo, e Portugal não é excepção. As tecnologias limpas e de eficiência energética granjeiam os principais investimentos. Só no campo da energia deverão ser investidos 18 300 milhões de euros até 2014, uma quantia absorvida em 50 por cento pelas renováveis. Dados da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (Apren) apontam para a disponibilização de mais de 6 mil milhões de euros de investimento privado nas energias renováveis até 2010.

De acordo com Afonso Lobato Faria, director de Desenvolvimento Sustentável do Instituto de Soldadura e Qualidade, a hídrica, a eólica e o solar térmico estarão na base dos grandes negócios do futuro. O especialista admite que o sector da energia é mesmo o que apresenta «o maior potencial de crescimento» nos próximos anos, com reflexos positivos na criação de empregos ligados à indústria que sustenta o sector.

Um estudo recente da Organização Internacional do Trabalho indica que a energia renovável irá gerar mais emprego do que os combustíveis fósseis – os investimentos neste segmento deverão contribuir para a criação de, pelo menos, 20 milhões de empregos. Este número reparte-se entre os 2,1 milhões de trabalhadores no segmento eólico; 6,3 milhões no solar, e 2030; e cerca de 12 milhões de empregos nos biocombustíveis relacionados com a agricultura e a indústria.

Água é oportunidade de negócio

Lobato Faria estima ainda que «todos os negócios relacionados com o uso mais eficiente da água, ou seja, com a redução do consumo de água na indústria, na agricultura e no sector doméstico», podem vingar nos próximos anos. O aumento do preço da água será, na opinião do especialista, a alavanca para o crescimento do sector. A opinião é partilhada por Carlos Martins, presidente da Comissão Executiva da Simtejo, que defende que a reutilização de águas residuais tratadas e a eficiência energética das instalações dos sistemas de tratamento de água e águas residuais configuram novas oportunidades de negócio.

Também Jaime Melo Baptista, presidente do Instituto Regulador de Águas e Resíduo, reconhece um «elevado potencial genérico de desenvolvimento empresarial» aos sectores da água e resíduos

Eficiência faz crescer novos mercados
Actualmente, defende Eduardo Oliveira Fernandes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Portugal é «irresponsável» no uso dos recursos energéticos, pelo que «o negócio com maior potencial resultará do despertar para uma consciência da necessidade e do potencial tecnológico e de serviços (emprego) da promoção da eficiência energética».

O especialista acredita no aparecimento massivo de empresas de pequena e média dimensão, nas áreas da auditoria, projectos térmicos e de certificação de edifícios, programas de manutenção, painéis solares, novos sistemas de queima de biomassa, isolamento térmico das habitações, sistema de aquecimento e de ventilação modernos e fiáveis.

De acordo com o relatório “Empregos Verdes: Trabalho Decente num mundo sustentável e com baixas emissões de carbono”, os investimentos no aumento da eficiência energética dos edifícios podem criar 2 a 3,5 milhões de empregos verdes na Europa e nos Estados Unidos. O documento afirma ainda que, para acelerar o crescimento dos empregos verdes, é necessário obter um novo acordo sobre o clima, mais decisivo e abrangente, quando os países se reunirem em Copenhaga, no final de 2009.

Autor / Fonte
Marisa Soares (www.ambienteonline.pt)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Barragem do Tua pode provocar 800 desempregados

A favor da linha do Tua. Em conferência de imprensa, “Os Verdes”, pedem ao ministro do Ambiente para chumbar a construção da barragem de Foz Tua.

A decisão do Governo deve ser anunciada no próximo mês, depois da consulta pública do estudo de impacto ambiental.


Para Manuela Cunha, dirigente nacional do partido, mais do que o ambiente, são as pessoas a sofrer com a construção desta barragem, até porque a área submersa afecta sobretudo “os jovens agricultores”, até porque “as alterações previstas são muitas”. “E vão afectar a agricultura, a vitivinicultura. E o olival que não ficar submerso vai ser muito afectado pelos níveis de humidade que vão aumentar. As pragas e doenças também vão aumentar imenso. A barragem vai aumentar a retenção de inertes, que é uma preocupação enorme, para além de acentuar os riscos de sismos. A aldeia do Amieiro vai ficar em risco depois da construção da barragem”, avisa Manuela Cunha.


Após lerem o estudo de impacto ambiental, Os Verdes sustentam que todos os itens da análise foram negativos, à excepção da produção eléctrica.


Mas mesmo esse factor positivo tende a diminuir devido às medidas para reduzir o impacto negativo da barragem na região.


Por outro lado, o partido ecológico destaca o desemprego que vai afectar sobretudo agricultores.
Só em Murça, podem ser 800 pessoas a ficar sem emprego, entre produtores e pessoas que trabalham à jeira.


É a pensar nisso que Manuela Cunha lança um apelo: “Se o ministro for de facto um ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território e for uma pessoa de bem, que faz respeitar ao estado os seus compromissos, só pode dar um aval negativo à construção da barragem do Tua.”
Sobre os alegados benefícios, Manuela Cunha diz que “são vagos” e não compensam a perda do potencial turístico da actual linha, sobretudo para o concelho de Mirandela que, segundo diz, “será o mais afectado”.


Por isso, deixa um alerta: “Os impactos negativos são imensos e são quase todos relevantes e irreversíveis, tanto do ponto de vista ambiental como sócio-económico. E é o próprio estudo quem o diz. O próprio Ser Humano em Trás-os-Montes pode ficar em vias de extinção. O despovoamento e envelhecimento de Trás-os-Montes e do Tua é, por si só, preocupante. Com a barragem, tudo isto pode vir a acentuar-se”, alega. Por isso, conclui, “a opção é sem barragem e mantendo tudo como está. Mas se a autorização for dada tem de ser com linha ferroviária”.


Esta conferência de imprensa do partido Os Verdes, realizada na antiga estação de caminhos-de-ferro de Bragança, pretendeu alertar os autarcas da região e os responsáveis do Governo, para os riscos da construção da barragem de Foz Tua.

In Rádio Brigantia on-line de 23/04/09

Geoparque de Arouca reconhecido pela UNESCO como património geológico da Humanidade

O Geoparque de Arouca integra desde hoje a Rede Europeia de Geoparques que, sob a tutela da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, reúne todos os territórios considerados património geológico da Humanidade.
Inaugurado a 5 de Dezembro de 2007, o Geoparque de Arouca envolve uma área de 327 quilómetros quadrados e abrange um total de 41 geo-sítios - termo técnico para os "sítios com interesse geológico" que, segundo a UNESCO, têm "particular importância pelo seu carácter científico, raridade, encanto estético ou valor educacional". No património de Arouca destacam-se as pistas fósseis dos quartzitos do vale do Paiva, e, sobretudo, duas ocorrências geológicas apontadas pelos especialistas como únicas no mundo: as trilobites e as pedras parideiras. Em causa está "um território de excepção", como observa o paleontólogo Artur Sá, coordenador científico do Geoparque de Arouca e docente do Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. "Com a integração na Rede Europeia de Geoparques", refere o paleontólogo, "Arouca passa a ter um selo de garantia da UNESCO, uma prova de que reconhecem internacionalmente as qualidades do nosso território e das nossas valências". O funcionamento em rede deverá agora "permitir o desenvolvimento de conhecimentos científicos e educativos que promovam, para além das fronteiras de cada país, os territórios de excepção que há na Europa e no mundo". Artur Sá acredita, aliás, que a adesão do Geoparque de Arouca à Rede Global de Geoparques depende agora "de um mero pro forma". O principal já foi feito. "Tivemos muito trabalho a nível da inventariação do território e do levantamento das suas ocorrências geológicas, mas o projecto contou desde a primeira hora com o apoio das pessoas que estão no terreno e das forças políticas do concelho de Arouca". Esse envolvimento deve-se ao facto de que "em causa não está um parque nacional nem um parque natural, mas um território que coincide com todo o município de Arouca e que é feito por pessoas, para as pessoas". Os geoparques da rede da UNESCO têm, afinal, que obedecer a uma estratégia de desenvolvimento sustentável que justifica que o seu património geológico funcione "como uma base agregadora das sinergias da região". "Geologia, gastronomia, cultura, indústria - tudo cabe no geoparque", afirma Artur Sá. "Queremos um despertar pleno desta região para as pessoas que nos visitam". A integração do Geoparque de Arouca na rede da UNESCO já foi aprovada há algumas semanas, mas a escolha do dia 22 de Abril para divulgação do facto "não foi ao acaso". Segundo o coordenador científico do projecto, "esta fica a ser a data oficial da integração, para coincidir com o Dia Mundial da Terra e o Dia Nacional do Património Geológico". O Geoparque de Arouca torna-se assim, acrescenta o paleontólogo, "a 34.ª estrela no mapa da Rede Europeia de Geoparques". O processo foi iniciado em Agosto de 2008 e a avaliação do território pelos peritos da UNESCO foi feita em Fevereiro de 2009. O Geoparque de Arouca é o segundo projecto do género em Portugal, a seguir ao Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, que também integra a rede da UNESCO, desde Julho de 2006.

in Público 22.04.2009