sexta-feira, 27 de março de 2009

Poluição do ar coloca saúde pública em perigo

"Mortes prematuras e redução de seis meses na esperança média de vida da população são a face visível das consequências na saúde da degradação da qualidade do ar nas principais zonas urbanas portuguesas.
As doenças associadas à poluição do ar por partículas inaláveis são uma das dez principais causas de morte nos países desenvolvidos. Em Portugal, os dados de 2004 apontam para a ocorrência de 4000 mortes prematuras, devido ao aumento da mortalidade associada a doenças cárdio-pulmonares e cancros pulmonares, e para uma redução de seis meses na esperança média de vida da população exposta aos níveis excessivos deste poluente.
Para os próximos anos o cenário continua a não ser animador: a poluição do ar deverá provocar 230 mil mortes prematuras em 2020 em toda a Europa e os custos dos prejuízos para a saúde humana estão estimados entre 189 e 609 milhões de euros.
PM10 e dióxido de azoto preocupantes
«A evidência de efeitos adversos das partículas em suspensão sobre a saúde humana tem sido encontrada quer para efeitos agudos (nos casos de exposição a curto prazo), quer para efeitos crónicos (quando há exposição de médio/longo prazo)», esclarece Francisco Ferreira, docente do Departamento de Engenharia e Ciências do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL).
Segundo o Relatório de Estado do Ambiente relativo a 2007, e publicado no final do ano passado, os poluentes que motivam uma maior preocupação em relação ao cumprimento da legislação são o dióxido de azoto (NO2), as partículas com diâmetro inferior a 10 microgramas (PM10) e o ozono troposférico.
O NO2 é um gás irritante que pode causar alterações da função respiratória, hiperreactividade brônquica nos asmáticos e um aumento da sensibilidade dos brônquios nas infecções em crianças. «Em concentrações reduzidas, pode provocar uma irritação das vias aéreas superiores e dos olhos», explica Francisco Ferreira. No caso de doentes asmáticos, uma intoxicação aguda forte pode mesmo causar a morte por asfixia.
Também as PM10 penetram no aparelho respiratório e podem atingir os brônquios e os alvéolos pulmonares ou causar alergias, asma, irritação crónica das mucosas, bronquite, enfisema pulmonar e pneumoconiose (acumulação de pó nos pulmões).
Um estudo levado a cabo pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge concluiu que o aumento súbito de pequenas partículas poluentes na atmosfera contribui para elevar o risco relativo de morte. Segundo o estudo, que terminou recentemnete, o acréscimo de 10 microgramas por metro cúbico de PM10 eleva o risco relativo da mortalidade em 0,66 por cento, considerando todas as idades e sexos. Nas mortes causadas por doenças do aparelho circulatório, o estudo estima que o risco relativo suba para 1,15 por cento. "

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