terça-feira, 24 de março de 2009

A Mata de Albergaria, em Portela do Homem, no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG) - um dos seus mais importantes bosques - conseguiu sair ilesa dos quatro incêndios que, ontem, continuaram a ameaçar aquela zona, depois dos fogos de sábado e domingo passados. A última frente que ontem lavrava perto daquela mata foi dada como circunscrita cerca das 17.00 horas e ao final da tarde entrava em fase de rescaldo.
O PNPG esteve mais uma vez sob a ameaça das chamas, ontem, com incêndios a deflagrar logo pela manhã em Laceiras (Melgaço), Lourido (Ponte da Barca), Soajo (Arcos de Valdevez), no distrito de Viana do Castelo, além do fogo que devorava, desde anteontem, uma extensa área de mato, nas proximidades da Mata de Albergaria, em Portela do Homem, Terras de Bouro, distrito de Braga.
O secretário de Estado da Protecção Civil, José Medeiros, deslocou-se ao local, onde disse aos jornalistas haver suspeitas de fogo posto, não exceptuando, contudo, a hipótese de o incêndio na Portela do Homem ter tido origem numa queimada.José Medeiros indicou que “a GNR já participou o caso à Polícia Judiciária, e neste momento estão a ser investigadas as causas e os causadores”.
No fogo, que ameaçou a Mata de Albergaria, esteve um total de 68 bombeiros, de oito corporações, sendo 32 destes elementos de oito equipas especializadas da GNR de vários pontos do país. O fogo devorou 400 hectares de mato, segundo os dados avançados ao início da tarde pela Protecção Civil.Um incêndio que foi extremamente difícil de combater, sobretudo, por se tratar de vegetação rasteira e muito densa, só possível dominar “com muito trabalho técnico e manual, quase de posição a posição”, explicou José Medeiros.
Arcílio Campos, do Comando Distrital de Operações e Socorro de Braga, referi u que a grande problemática deste incêndio se prendeu com “o vento a mudar de direcção muito rapidamente”, o que dificuldava a estratégia de combate às chamas, tendo os meios de protecção civil que “voltar atrás várias vezes para proceder a novas manobras”, acrescentando que a “movimentação” dos combatentes é também muito lenta - sendo que muitos deles tiveram que ser transportados para locais através dos meios aéreos, correndo até o perigo de ficar cercados.A combater este fogo estiveram ainda três meios aéreos, e equipas de sapadores, GIPS, GAUF e ICNBC.
António Afonso defende que Estado deve reforçar medidas de protecção
António Afonso, presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, defendeu, ontem, a necessidade de o Estado ter que “reforçar a limpeza das matas e dos caminhos” na zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), precisamente para acautelar a sua preservação ambiental.O autarca falava, ontem, no ‘teatro de operações’ em Portela do Homem, onde o Comando Distrital de Operações e Socorro de Braga tinha montado o respectivo posto de comando.
António Afonso sublinhou que esse reforço necessário passa por “aumentar o número de vigilantes da GNR”, considerando que os sete elementos actuais “não chegam para cobrir a área”.mO responsável considera, ainda, como muito importante para a salvaguarda do PNPG, “a instalação de equipamentos de televigilância de 24 horas sobre 24 horas, mesmo em época baixa de incêndios”.Segundo António Afonso, estas medidas ajudariam, sobretudo, a “detectar focos de incêndio logo desde o seu início”. O autarca espera, assim, por apoios do próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional para medidas que auxiliem neste campo.
Nos últimos sete anos arderam mais de 20 mil hectares do Parque Nacional da Peneda-Gerês, registando-se em cada ano uma média de 77 incêndios, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidada (ICNB).

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