domingo, 29 de março de 2009

Espanhóis querem enviar linces rapidamente para centro de Silves



Os biológos da Junta Regional da Andaluzia que coordenam o programa de recuperação do lince ibérico querem ver celebrado, com a máxima urgência, o protocolo de cedência de linces a Portugal, depois de terem confirmado que o número de crias esperadas em 2009, poderá saturar os três centros de criação em cativeiro existentes em El Acebuche (Donãna), La Olivilla (Sierra Morena) e no Centro Zoobotânico de Jerez de la Frontera.

A responsável pela gestão do departamento ambiental da Junta de Andaluzia, Marina Martín, admite que o prazo programado para a entrega dos linces terá de ser antecipado, "o mais tardar para antes do Outono de 2009", prevendo um ano fértil em novas crias que os três centros não vão ter capacidade para acolher, pois já albergam cerca de 60 exemplares. Estas estruturas estão a suportar a máxima capacidade de acolhimento e vão ter de receber novas crias.

Segundo os técnicos, o excesso de população aconselha a que se enviem rapidamente exemplares para Portugal. Com efeito, as novas crias vão necessitar, dentro de meses, de mais espaço para crescerem junto das suas progenitoras.

Consciente dos perigos que pode representar para a reprodução em cativeiro o excesso de animais de uma espécie de felino que se revela particularmente sensível à grande concentração da espécie, a Junta Regional da Andaluzia já enviou para análise ao Ministério do Ambiente espanhol, uma proposta de protocolo a celebrar com o Ministério do Ambiente português, para antecipar a transferência de linces com destino ao centro de reprodução de Silves.

O protocolo estabele que os linces que vão ser enviados para Portugal são propriedade da Junta de Andaluzia, que os cederá temporariamente e decidirá o futuro das suas crias, e compromete o Governo português a consolidar, em três anos, uma zona em condições de segurança e de sustentabilidade para a reintrodução da espécie em liberdade.

As crias que vierem a nascer no centro de Silves serão propriedade da Junta de Andaluzia, e só esta entidade é que vai determinar se os animais serão destinados a centros de criação em cativeiro ou a reintroduções no meio natural.

Investimento em Silves

Portugal já aprovou um investimento de dez milhões de euros destinados à instalação do centro de criação de Silves e está obrigado a encontrar um território com cerca de 6000 hectares para a reprodução do lince. Este espaço já está escolhido e localiza-se no Parque Natural de Noudar, no concelho de Barrancos.

Em 2008, terão nascido entre 52 e 58 crias no seu meio natural e em cativeiro. Em 2009, os especialistas previam um "salto espectacular" no nascimento de crias em cativeiro, admitindo o nascimento de 20 exemplares. No entanto, pela observação feita nos casais reprodutores poderá vir a assistir-se em 2009 a um verdadeiro baby boom de linces.

Prevendo-se esta possibilidade, as equipas de investigadores ligados ao programa de salvaguarda desta espécie ameaçada de extinção já preparam a entrada em funcionamento de novos centros de criação em Granadilha (Extremadura) e no Parque Nacional de Cabañeros (Castilha - La Mancha), pelo que, juntamente com os três de Andaluzia e o de Silves, estará consolidada uma rede que garantirá a reprodução do lince ibérico.

In "Publico.pt"

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